Agência France-Presse
postado em 17/06/2015 15:57
Cuba e a União Europeia (UE) registraram avanços no comércio e na cooperação, mas persistem as "divergências" quanto ao diálogo político, que inclui a espinhosa questão dos direitos fundamentais, ao final de uma "produtiva" quarta rodada de negociações, concluída na terça-feira em Bruxelas."Analisamos todas as áreas de cooperação e comércio (...) com bons progressos. Temos um acordo geral sobre o capítulo da cooperação, que é o maior do acordo futuro", indicou uma fonte europeia nesta quarta-feira.
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No entanto, foram registrados "menos progressos no capítulo sobre o diálogo político", disse, acrescentando, no entanto, que houve um "melhor entendimento de nossas respectivas ambições, objetivos e sensibilidades" sobre o assunto.
O capítulo do diálogo político inclui temas como direitos humanos, direitos fundamentais, a democracia e as liberdades individuais.
"Não é segredo que a nossa visão do que constitui uma governação eficaz e responsável ou como os direitos fundamentais devem ser interpretados e aplicados (...) diverge da visão dos cubanos", disse essa fonte.
A fonte europeia ressaltou que esta não foi a primeira dificuldade encontrada no diálogo político com a parte cubana desde que foi retomado, em 2008. "Temos que encontrar uma maneira de conciliar essas diferenças. Encontrar o equilíbrio certo nesta equação nem sempre é fácil", ressaltou.
Em um comunicado na terça-feira à noite, o ministério das Relações Exteriores cubano estimou que o diálogo político "se desenvolveu de maneira útil (...) permitindo expressar as respectivas posições e aspirações dos seus componentes".
De acordo com a chancelaria cubana, as reuniões na segunda e terça-feira em Bruxelas "ocorreram em um clima construtivo e profissional". Foi uma rodada "muito produtiva", segundo a fonte europeia.
As delegações foram lideradas por Christian Leffler, diretor executivo para as Américas do Serviço Europeu de Ação Externa, e Abelardo Moreno Fernández, vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba.
A quinta ronda de negociações acontecerá em setembro, em Havana. Até lá, o lado europeu espera alcançar progressos em questões de direitos humanos.
Para tanto, prevê realizar na próxima semana a primeira reunião preparatória do "diálogo estruturado" sobre os direitos humanos, embora a data não tenha sido confirmada. O representante especial da UE para os Direitos Humanos, Stavros Lambrinidis, vai liderar a delegação da UE sobre esta questão.
O objetivo é isolar as questões mais espinhosas entre as duas partes a concluir um acordo o mais rapidamente possível sobre os outros capítulos do presente Acordo de Diálogo Político e Cooperação em negociação desde 2014.
Esta é a segunda rodada de negociações formais desde que Havana e Washington surpreenderam o mundo com o descongelamento das relações em 17 de dezembro.
A UE decidiu em 2012 normalizar as relações com Cuba com o objetivo de acabar com a "posição comum" europeia adotada em 1996 condicionando a cooperação aos avanços em matéria de direitos humanos e liberdades individuais na ilha.
Cuba é o único país da América Latina que não tem um acordo de diálogo político com a UE, que em 2003 suspendeu a cooperação com a ilha após a prisão de 75 dissidentes cubanos (já libertados).
Após o reinício do diálogo e da cooperação entre Cuba e a UE, em junho de 2008, Havana assinou acordos bilaterais com 15 dos 28 países do bloco.