Agência France-Presse
postado em 18/06/2015 12:34
Charleston, Estados Unidos ; O homem branco suspeito de matar nove pessoas em uma igreja da comunidade negra da cidade americana de Charleston foi capturado, confirmou o chefe de polícia Gregory Mullen. Dylann Roof, 21 anos, foi preso na Carolina do Norte, a cerca de quatro horas de distância do local o massacre. Uma grande operação de busca foi organizada pela polícia local, com apoio do FBI, a polícia federal americana, e da polícia da capital, Washington, para prendê-lo. Horas depois do crime foram divulgadas imagens de câmeras de segurança, onde era possível ver o suspeito, um homem branco, sem barba e com calças no estilo texano, abandonando a igreja em um carro.[FOTO470661]
No começo da tarde, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um pronunciamento na Casa Branca, onde lamentou as mortes e afirmou que "há algo particularmente trágico" nas mortes, por terem ocorrido em um local sagrado, de oração. "É preciso reconhecer que esse tipo de violência não ocorre em outros países desenvolvidos. Mais uma vez, pessoas inocentes foram assassinadas, em parte, porque alguém que queria lhes fazer mal não teve problemas em ter uma arma em suas mãos", afirmou Obama. A justiça federal abriu uma investigação por "crime de ódio", anunciou um porta-voz do Departamento de Justiça (DoJ). A investigação acontece paralelamente e em cooperação com o trabalho das autoridades locais, segundo o DoJ. A designação do crime motivado por ódio permite acionar recursos federais adicionais.
[SAIBAMAIS]Dylann Roof permaneceu durante quase uma hora entre os fiéis que estudavam a Bíblia na igreja, antes de abrir fogo, afirmou o chefe de polícia de Charleston, Gregory Mullen, em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira. "Havia oito mortos dentro da igreja. Duas pessoas feridas foram levadas (ao hospital) e uma faleceu", disse o chefe da polícia de Charleston na quarta-feira à noite. "Acredito que foi um crime de ódio", afirmou Mullen.
O homem abriu fogo durante uma sessão de estudos bíblicos, muito frequentes nas igrejas do sul dos Estados Unidos, tanto durante a semana como aos domingos. Uma das vítimas fatais foi o pastor da igreja, Clementa Pinckney, também senador estadual da Carolina do Sul, segundo a imprensa local e parentes. O ataque ocorreu por volta das 21h locais (22h de Brasília) contra a Emanuel African Methodist Episcopal Church, uma das mais antigas igrejas da comunidade negra de Charleston.
Tensão racial
O crime representa um novo golpe para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos, que nos últimos meses foi vítima de crimes aparentemente motivados por racismo, em particular homicídios cometidos por policiais brancos contra homens negros desarmados. Este foi o caso de Ferguson em 2014 e o de Baltimore há algumas semanas, além de vários crimes similares ao cometido em Charleston que provocaram uma grande tensão racial no país.
Após o tiroteio em Charleston, a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, fez um apelo aos moradores. "Minha família e eu oramos pelas vítimas e pelos parentes afetados pela tragédia sem sentido desta noite" na igreja, disse a governadora. "Enquanto ainda ignoramos os detalhes, sabemos que jamais entenderemos o que motiva uma pessoa a entrar em um dos nossos locais de oração e tirar a vida de outros".
Jeb Bush, pré-candidato republicano à Casa Branca nas eleições de 2016, que deve participar de um comício em Charlotte, na Carolina do Norte, escreveu no Twitter que "nossos pensamentos e orações estão com os indivíduos e famílias afetadas pelos trágicos fatos de Charleston".
A pré-candidata democrata Hillary Clinton, que participou na quarta-feira de um ato eleitoral na cidade, escreveu no Twitter: "Notícias terríveis de Charleston. Meus pensamentos e minhas orações estão com vocês". Mike Huckabee, outro republicano que sonha com a candidatura à Casa Branca, também expressou pêsames.