Agência France-Presse
postado em 22/06/2015 10:30
Luxemburgo - A União Europeia (UE) lançou oficialmente nesta segunda-feira (22/6), durante uma reunião de ministros das Relações Exteriores em Luxemburgo, uma missão naval contra o tráfico de imigrantes no Mediterrâneo, limitada em uma primeira fase a uma vigilância reforçada das redes contrabandistas. "Digo claramente que os alvos não são os imigrantes, mas aqueles que ganham dinheiro com suas vidas e, muito frequentemente, suas mortes", declarou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini. "Esta primeira fase de operação começará a ser implementada nos próximos dias, a saber uma coleta de informações e patrulhas em alto mar para ajudar na detecção das redes de traficantes", explicou. Batizada de EU Navfor Med e dotada com mil homens, a operação será liderada pelo almirante italiano Enrico Credendino. Seu navio de comando será o porta-aviões italiano Cavour, dotado de um hospital. Os primeiros navios, submarinos, aviões de vigilância e drones devem iniciar a operação dentro de uma semana.
[SAIBAMAIS]A ideia da missão surgiu há dois meses, depois da morte de 900 pessoas em meados de abril, no naufrágio de uma embarcação lotada de imigrantes perto da costa da Líbia, recordou a chefe da diplomacia da UE. A operação tem como objetivo final destruir as embarcações utilizadas pelos traficantes o mais próximo possível da costa líbia e, principalmente, os "navios-mães" que são usadas para rebocar embarcações improvisadas carregadas com os imigrantes. Mas a ausência de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que autorize o uso da força limita, no momento, o alcance da operação.
Uma tal resolução só pode ser votada com o consentimento das autoridades líbias, num momento em que o país está mergulhado no caos, com dois governos rivais. Estes estão atualmente em negociações sob os auspícios das Nações Unidas, para formar um governo de unidade nacional. Enquanto isso, "nós podemos fazer algo em alto mar", disse Mogherini. Neste estágio, cinco navios de guerra, dois submarinos, três aviões de patrulha marítima, três helicópteros e dois aviões que participam na operação, cujo pessoal será treinado nas questões do direito dos refugiados, mas também em procedimentos de resgate.
Ameaças
"Nos próximos dias, aviões e navios chegarão na zona de operação", assegurou um responsável europeu a repórteres. Os comandantes da missão levarão em conta várias "ameaças", enquanto o grupo jihadista Estado Islâmico controla parte da costa e que navios mercantes foram atacados ao longo da costa da Líbia por aviões de combate e tiros a partir da costa, acrescentou. "Este é um ambiente complexo, e por isso é uma operação militar", explicou a fonte, observando a "instabilidade" que reina na Líbia.
"É necessária uma resposta europeia", ressaltou por sua vez Federica Mogherini, garantindo que a implantação militar é parte de um conjunto de medidas da UE para enfrentar a crise de imigrantes no Mediterrâneo. "Este é o começo da implementação de uma série de medidas que vão nos permitir interromper, destruir os negócios dos traficantes, trabalhando com os países a montante, para tentar parar as pressões que empurram essas ondas de imigrantes para a Europa", indicou o ministro britânico Philip Hammond.
Os europeus investiram mais dinheiro no resgate e aumentaram a sua presença em Agadez, uma cidade no norte do Níger por onde passa uma grande maioria dos imigrantes que afluem para a Líbia. Eles também pretendem apoiar outros países de trânsito nos seus controles fronteiriços. Em contraste, os 28 não conseguem definir a questão dos 40.000 requerentes de asilo, enquanto Bruxelas tenta distribuí-los no interior da UE.