Mundo

Onda de calor no Paquistão deixa mais de 700 pessoas mortas

O governo decretou feriado para forçar as pessoas a permanecerem dentro de casa. Muitas vítimas são pessoas que trabalham a céu aberto

Agência France-Presse
postado em 23/06/2015 10:41

Karachi, Paquistão - A onda de calor que afeta o sul do Paquistão matou 700 pessoas nos últimos três dias e médicos e hospitais permanecem em estado de alerta. A maioria das mortes aconteceram em Karachi, a maior cidade do país, com 20 milhões de habitantes, onde a temperatura alcançou 45 graus durante o fim de semana e muitos problemas foram registrados na rede de energia elétrica, o que afetou o fornecimento de água.

Jovens pulam na água para se refrescar: as temperaturas devem permanecer em 44,5 graus

"O número de mortos na onda de calor chegou a 692", declarou Saeed Mangnejo, secretário de Saúde provincial. "O número de mortos pode aumentar", acrescentou. Anteriormente, os serviços de saúde haviam informado sobre a morte de mais de 500 pessoas. Os efeitos da onda de calor coincidem com o Ramadã, durante o qual os muçulmanos praticantes, majoritários no Paquistão, um país de 200 milhões de habitantes, permanecem em jejum entre o nascer e o pôr do sol.

Semi Khamali, médico no maior hospital de Karachi, afirmou que a instituição já tratou 3 mil pacientes. "Mais de 200 chegaram mortos ou faleceram no hospital", disse à AFP. A Edhi Welfare Organization, a ONG mais importante do país, informou que os necrotérios de Karachi receberam mais de 400 cadáveres nos últimos três dias. "Os necrotérios alcançaram a capacidade máxima", afirmou à AFP o porta-voz da ONG, Anwar Kazmi.

Em Karachi, os cortes de energia elétrica prejudicam o sistema de distribuição de água e afetam milhões de consumidores. A temperatura na cidade se mantinha em 44,5 graus, mas são esperadas tempestades e chuvas durante a noite. O governo provincial decretou um feriado nesta terça-feira para forçar as pessoas a permanecerem dentro de casa. Muitas vítimas da onda de calor são pessoas que trabalham a céu aberto. Ao mesmo tempo, o clérigo islâmico Tahir Ashrafi afirmou que as pessoas com mais risco podem abrir mão do jejum do Ramadã. "Já afirmamos em várias emissoras de televisão que os que estão em risco, sobretudo em Karachi, onde a situação é muito grave, teriam que renunciar ao jejum", disse Ashrafi.

"O Islã estabelece as condições do jejum. O Alcorão sagrado inclusive menciona que os pacientes ou os viajantes que não podem aguentar o jejum podem adiá-lo, assim como as pessoas que são frágeis ou idosas ou que podem ficar doentes ou morrer pelo jejum teriam que abster-se", recordou o clérigo.



O porta-voz da Autoridade Nacional de Gestão de Catástrofes (NDMA), Ahmed Kamal, anunciou à AFP que o governo pediu ajuda ao exército e aos Rangers, uma força paramilitar, para ajudar as vítimas. Unidades serão criadas em todos os hospitais para fornecer os medicamentos de emergência necessários para as vítimas do calor. A onda de calor é similar à que afetou a vizinha Índia nas últimas semanas, a segunda mais importante da história do país e que deixou mais de 2.000 mortos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação