Agência France-Presse
postado em 23/06/2015 11:13
Uma esquadrilha de militantes pró-palestinos partiu da costa europeia para tentar romper o bloqueio marítimo israelense da Faixa de Gaza, cinco anos depois de uma tentativa similar que terminou com um ataque fatal do exército de Israel.A freira espanhola Teresa Forcades anunciou há alguns dias que iria embarcar na "Flotilha da Liberdade III", que deve chegar à costa de Gaza no fim de julho, e na qual também viajam o ex-presidente tunisiano Moncef Marzuki, ao menos um parlamentar europeu e um deputado árabe-israelense. O objetivo da flotilha é chamar a atenção para o bloqueio naval imposto por Israel à Faixa de Gaza desde junho de 2006.
Israel instaurou o bloqueio em junho de 2006, em represália pelo sequestro de um de seus soldados por parte de milicianos do Hamas, e o reforçou um ano mais tarde, depois que o movimento islamita tomou o poder na Faixa de Gaza.
Atualmente, os barcos de pesca palestinos não podem navegar além de seis milhas náuticas e nenhum navio pode ingressar nas águas da Faixa de Gaza, patrulhadas pela marinha israelense.
As organizações da flotilha buscam capitalizar a atual situação, na qual Israel enfrenta crescentes apelos a um boicote e é submetido a pressões internacionais.
[SAIBAMAIS]Na véspera, a ONU publicou um informe no qual acusa Israel, e também os grupos armados palestinos, de crimes de guerra durante a guerra de Gaza de 2014. "Queremos manter a pressão internacional para terminar com o bloqueio, que não somos os únicos a considerar desumano e ilegal", afirmou à AFP Staffan Graner, um dos militantes a bordo do barco sueco "Marianne".
A flotilha é integrada por cinco barcos com 70 pessoas a bordo, entre as quais figuram representantes de mais de 20 países, explica a Plataforma de ONGs francesas pela Palestina, que apoia a viagem.
O deputado árabe-israelense Bassel Ghattas foi acusado de traição por viajar na flotilha. "Não há nada pior para um deputado israelense que participar desta flotilha cujo objetivo é ajudar a organização terrorista Hamas", declarou o ministro da Imigração, Zeev Elkin.
Em uma carta aberta ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, Ghattas escreveu que a flotilha, "civil e pacífica", tem o objetivo de chamar a "atenção da comunidade internacional para o destino de 1,8 bilhão de palestinos que vivem em condições vergonhosas e dignas de uma prisão devido ao sítio militar imposto por Israel".
"Qualquer tentativa de impedir que a flotilha chegue ao destino envolverá Israel em uma nova crise internacional ou em um escândalo", acrescentou Ghattas, referindo-se à abordagem do barco turco "Mavi Marmara" em maio de 2010, que havia culminado com a morte de 10 pessoas.
A bordo da Flotilha III ninguém imagina que Israel recorrerá à força novamente. "Israel perdeu muito ao utilizar a violência em 2010 e seria uma estupidez de sua parte fazer o mesmo conosco", sustentou Graner.
Em novembro de 2014, o Tribunal Penal Internacional (TPI) considerou que era razoável pensar que Israel pode ter cometido crimes de guerra durante esta operação, mas que o caso não era suficientemente grave para que o TPI iniciasse um processo judicial.