Agência France-Presse
postado em 23/06/2015 11:24
O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) sofreu uma nova importante derrota nesta terça-feira (23/6) para as forças curdas e seus aliados rebeldes, que tomaram uma localidade situada em uma estrada estratégica do Norte da Síria. As forças curdas, apoiadas por combatentes árabes, "tomaram nesta terça-feira Ain Isa depois de intensos combates", indicou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). "Os jihadistas se retiraram para o leste da cidade e ao Norte de Raqa, mas deixaram minas terrestres em Ain Isa", acrescentou.Na segunda-feira (22/6), os curdos e seus aliados rebeldes tomaram um acampamento militar nas proximidades, localizado a 56 km de Raqa, a capital do "califado" proclamado pelo EI nos territórios sob o seu controle. "Controlamos totalmente o campo da brigada 93 e estamos tentando retirar os explosivos", indicou um porta-voz das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), Redur Khalil.
[SAIBAMAIS]Esta base do exército sírio havia sido tomada em julho de 2014 pelos extremistas do EI, que executaram um grande número de soldados leais ao regime. Os curdos têm recebido o apoio dos ataques aéreos por parte da coalizão internacional, que segundo o OSDH fizeram pelo menos 26 mortos na segunda-feira entre os jihadistas.
Tanto Ain Isa como o campo militar estão localizados em uma estrada estratégica para os curdos e para os jihadistas, porque dá acesso aos territórios que controlam na província de Aleppo e Hassake, situadas a oeste e a leste de Raqa. "Agora, seguirão até a fronteira de Raqa, onde as linhas de defesa do EI são frágeis porque não há fortificações neste setor, que é um terreno plano", segundo Abdel Rahman.
EI na defensiva
Desde 16 de junho, quando perderam Tall Abyad, uma cidade que controlavam há um ano, os jihadistas estão na defensiva. Tall Abyad era crucial para EI porque lhe permitia transportar armas e combatentes para ou a partir da Turquia em troca de contrabando de petróleo.
De acordo com o analista Sirwan Kajjo, as YPG são "provavelmente as forças mais eficazes na Síria contra o EI, por serem bem organizadas, disciplinadas e por acreditarem em sua causa." De acordo com o porta-voz das YPG, as relações dos curdos com a coalizão liderada pelos Estados Unidos "são excelentes", mas lembrou que precisam de melhores armas para derrotar os jihadistas.
Redur Khalil não quis informar qual será seu próximo alvo, mas assegurou que Raqa não é o seu objetivo de curto prazo. "Raqa está longe e é bem defendida. Para tomá-la precisaremos de forças e muitas armas", disse ele. Na região de Palmyra, no centro da Síria, os jihadistas destruíram nos últimos dias dois antigos mausoléus islâmicos.
O primeiro, chamado mausoléu de Mohammad Ben Ali, um descendente da família do primo do profeta Ali Ben Abi Taleb, foi destruído há três dias, indicou à AFP o diretor de Antiguidades sírias Ma;mun Abdel Karim. Ele está localizado em uma área montanhosa, quatro quilômetros ao norte da cidade.
O EI também explodiu um mausoléu em Chkaf de mais de 500 anos de idade, conhecido como o de Nizar Abu Bahaedin, um religioso de Palmyra. No total, os jihadistas destruíram mais de 50 mausoléus com entre 100 e 200 anos de idade em regiões controladas no norte e no leste da Síria.
Em Israel, o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, prometeu nesta terça-feira uma resposta judicial severa um dia após drusos das Colinas de Golã ocupada por Israel lincharem dois sírios que iam ao Estado hebraico para receber cuidados médicos. Os drusos de Golã, de nacionalidade síria e israelense, são tradicionalmente partidários do regime de Bashar al-Assad e estão na linha da frente do conflito na Síria.