Kigali, Ruanda - O presidente ruandês Paul Kagame condenou nesta quinta-feira a arrogância dos países ocidentais depois da prisão, em Londres, de seu chefe de inteligência, Karenzi Karake, procurado pela justiça da Espanha pela morte de vários espanhóis no país africano.
"Esta prisão está baseada na arrogância e desdém absolutos. Devem ter achado que era um imigrante ilegal. A forma com que tratam os imigrantes ilegais é a forma com que tratam a todos. Os negros se converteram em alvo de treinamento de tiro", afirmou Kagame em um discurso ante o Parlamento.
Kagame questionou o direito da Grã-Bretanha de deter Karake a pedido da justiça espanhola que o acusa de atos de terrorismo.
A detenção do diretor do serviço de inteligência de Ruanda provocou indignação no país africano, que atribuiu a medida à arrogância europeia e a uma manobra daqueles que negam o genocídio de 1994.
Karake não pertencia ao governo hutu acusado pelo genocídio de tutsis, e sim ao movimento rebelde que derrubou o regime, mas este grupo também é acusado de abusos contra os civis.
A justiça espanhola iniciou os trâmites para solicitar a Londres a entrega de Karake, um dos políticos mais influentes de Ruanda.
No momento da emissão da ordem contra Karake, em 2008, a Espanha tinha jurisdição universal que permitia julgar os responsáveis por crimes contra a humanidade onde quer que estivessem.
A jurisdição universal foi limitada pelo atual governo e, segundo uma fonte judicial espanhola disse à AFP, Karake é agora procurado apenas pelo que aconteceu às vítimas espanholas".
O Foreign Office não comentou a detenção, mas indicou que existe uma "relação profunda e antiga" entre o Reino Unido e Ruanda.