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Colômbia: mãe e bebê sobrevivem à queda de avião e cinco dias na selva

A jovem e seu filho farão exames nesta quinta em um hospital de Medellín, disseram as autoridades

Agência France-Presse
postado em 25/06/2015 19:54
Bogotá - A jovem María Nelly Murillo, de 18, e seu bebê, de apenas oito meses, conseguiram sobreviver à queda do pequeno avião em que estavam e depois de passarem cinco dias perdidos na densa selva colombiana. A história está sendo celebrada como "um milagre" na Colômbia.

"Penso apenas na minha mãe e no meu filho", disse a jovem a Acisclo Rentería, o voluntário da Cruz Vermelha que a encontrou na quarta-feira.

Ontem era o último dia de trabalho dos socorristas previsto para a tentativa de resgate desse acidente ocorrido no último sábado, 20 de junho, em uma remota zona do departamento do Chocó, no noroeste do país.

Asisclo e outros três socorristas encontraram Murillo adormecida junto com o filho, Yudier Moreno, perto de uma fenda na densa selva do Alto Baudó. A jovem tinha queimaduras de primeiro e segundo graus e estava com o pé cortado, e o tornozelo, torcido. O bebê estava com "a roupinha queimada entre as pernas", mas parecida ileso.

";Ajuda! Ajuda!', foi a primeira coisa que ela falou quando viu a gente", contou o voluntário, de 38 anos, com 15 de experiência na Cruz Vermelha.

"Eu disse a ela: ;mamãe, não se mexa;, porque ela tentava se levantar e não conseguia. Ela me pedia água e comida", acrescentou o socorrista.

"O bebê estava com frio. Então, eu o cobri com a minha camisa. Ele chorou quando eu o peguei, mas dei soro e ele se acalmou. Ficou dormindo nos meus braços, o tempo todo", completou.

A foto de Rentería com o bebê nos braços, a bordo do helicóptero que levou os sobreviventes para Quibdó, capital do Chocó, rodou o mundo.

A notícia comoveu os colombianos.

"É um milagre. É uma área muito selvagem. O acidente foi uma catástrofe. Seu instinto de mãe deve ter lhe dado forças", disse à AFP o coronel Héctor Carrascal, comandante da Força Aérea Colombiana encarregado das tarefas de busca, iniciadas quando a aeronave foi declarada desaparecida, no sábado, às 12h56 (14h56 em Brasília).

Carrascal explicou que a fuselagem do avião foi identificada no domingo. Como a porta do aparelho estava aberta, considerou-se a possibilidade de haver sobreviventes. Uma equipe de 14 socorristas chegou ao local usando cordas.

Mãe e filho foram resgatados perto do local do acidente da aeronave, um Cessna 303 com matrícula HK-4677G, no meio do caminho entre Nuquí e Quibdó.

No acidente, "toda a carga que estava no avião, quase 230 quilos de peixe e um saco de cocos, caiu em cima do piloto. Ela e o bebê, que estavam no fundo, ficaram protegidos pelos pacotes", descreveu Rentería.

O piloto, capitão Carlos Mario Ceballos, terceiro a bordo da aeronave que oferecia o serviço de táxi aéreo na região, morreu no impacto.

Ainda segundo o socorrista, quando conseguiu sair do avião em chamas, a jovem viu um poço próximo com água.

"Ela colocou o filho lá, para esfriá-lo, porque estava muito quente. Quando o incêndio acabou, ela se aproximou de novo do avião para procurar um facão e um coco, bebeu a água dele e comeu alguma coisa que tinha", relatou.



"Ela achou o telefone dela e o do piloto, mas o que tinha bateria não tinha saldo para falar", acrescentou Rentería. Segundo a imprensa local, foram mais de 90 tentativas de ligação, sem sucesso.

María decidiu, finalmente, ir buscar ajuda, acreditando que encontraria algum mineiro por perto. Passou cinco dias sozinha, bebendo água do rio e cuidando do filho, o qual amamentou mesmo sentindo dor.

Orgulhoso, Rentería anunciou que María o convidou para ser padrinho do bebê. A jovem e seu filho farão exames nesta quinta em um hospital de Medellín, disseram as autoridades, que ainda investigam as causas do acidente.

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