Agência France-Presse
postado em 26/06/2015 07:30
Saint-Quentin-Fallavier, França - Uma pessoa foi decapitada e outras duas ficaram feridas em um atentado terrorista cometido nesta sexta-feira (26/6) em uma fábrica de gás perto da cidade francesa de Lyon (centro-leste) e as forças de ordem detiveram o suposto autor, sua esposa e um segundo suspeito. De acordo com uma fonte próxima à investigação, a vítima da decapitação foi identificada como um empresário dos arredores de Lyon e, segundo os primeiros elementos, a empresa de transporte deste homem, que teria cerca de 45 anos, possuía uma autorização para entrar nas instalações da fábrica. Outras fontes afirmam que o empresário decapitado era patrão do suspeito do atentado. O homem encontrado morto é "uma pessoa inocente que foi assassinada e decapitada de forma vil", declarou o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, que se dirigiu pela manhã ao local dos incidentes. Cazeneuve pediu "moderação e dignidade" após a descoberta macabra da cabeça do falecido, que estava pendurada em uma grade perto de algumas bandeiras islamitas. "O terrorismo islamita atingiu mais uma vez a França", reagiu o primeiro-ministro, Manuel Valls, em viagem a Bogotá, denunciando um cenário vil, antes de encurtar sua viagem à América Latina para voltar a Paris.
As autoridades francesas estavam em alerta ante a possibilidade de novos atentados após os ataque cometidos em nome do Islã radical que deixaram 17 mortos no início de janeiro em Paris. O ataque desta sexta-feira ocorreu às 8h GMT (5h de Brasília) em uma fábrica de gás do grupo americano Air Products em Saint-Quentin Fellavier. Seu suposto autor, detido pouco depois, foi identificado por Cazeneuve como Yassine Salhi, de 35 anos, conhecido por seus "vínculos com o movimento salafista", que reúne os muçulmanos sunitas radicais.
[SAIBAMAIS]Salhi foi investigado em 2006 e vigiado pelos serviços de inteligência franceses, mas sua investigação não foi renovada em 2008. Horas depois, um segundo homem foi preso depois que seu veículo foi avistado "fazendo idas e vindas suspeitas nos arredores do complexo" onde o ataque ocorreu, informou uma fonte próxima ao caso. A casa deste segundo detido foi inspecionada, mas não foi possível estabelecer vínculos formais entre este e o ataque, segundo a fonte. A esposa de Salhi também foi detida, segundo uma fonte judicial.
O presidente francês, François Hollande, denunciou desde Bruxelas um "ataque de natureza terrorista cometido por uma pessoa, talvez acompanhada de outra". Hollande retornou a Paria para realizar um Conselho de Defesa convocado na tarde desta sexta-feira no Eliseu.
Mencionando "um veículo conduzido por uma pessoa, talvez acompanhada de outra", o chefe de Estado declarou que "a intenção (do ataque) não deixa espaço para dúvidas. É provocar uma explosão". "Segundo os primeiros elementos da investigação, um ou vários indivíduos, a bordo de um veículo, entraram na fábrica. Então ocorreu uma explosão", informou uma fonte próxima ao caso. Após esta explosão, os gendarmes se deslocaram a este lugar classificado como sensível e encontraram o corpo decapitado.
Vigilância reforçada
Um primeiro balanço informava sobre um morto - o homem decapitado - e dois feridos leves. O corpo da vítima "foi encontrado perto da fábrica, mas ainda não sabemos se foi transportado até ali ou não", destacou a mesma fonte. O primeiro-ministro Manuel Valls ordenou uma vigilância reforçada em todos os locais sensíveis da região de Lyon, segunda cidade da França, que abriga muitas instalações industriais.
Já a procuradoria antiterrorista abriu uma investigação a respeito. A presidente do partido de ultradireita Frente Nacional, Marine Le Pen, pediu que imediatamente sejam tomadas medidas firmes e fortes para "abater os islamismo" enquanto o presidente do partido da oposição Os Republicanos, Nicolas Sarkozy, exigiu um aumento do nível de vigilância.
A Alemanha e a Espanha reagiram ao ataque, classificando-o de abominável e pedindo a unidade dos democratas diante da barbárie. "Condeno firmemente o atentado cometido em Lyon. A barbárie terá sempre a sua frente a união dos democratas. Espanha com a França", escreveu o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, no Twitter. Já o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier, afirmou que seu país permanecerá unido à frança contra o "ódio cego do terrorismo" e em defesa da sociedade livre.
Hollande, por sua vez, conversou com o presidente tunisiano, Béji Ca;d Essebsi, e os dois expressaram "solidariedade frente ao terrorismo", uma vez que a Tunísia também foi palco nesta sexta-feira de um atentado que deixou 27 mortos. Durante uma conversa telefônica, "os dois presidentes expressaram um ao outro sua solidariedade e intenção de prosseguir e intensificar a cooperação na luta contra o terrorismo".
O atentado desta sexta-feira ocorreu quase seis meses após três jihadistas atacarem a sede da revista satírica Charlie Hebdo, um supermercado kasher e policiais da cidade, deixando 17 mortos em Paris entre 7 e 9 de janeiro. Desde então, o governo colocou em andamento um drástico plano de vigilância antiterrorista e o ministro do Interior repetiu em várias ocasiões que a ameaça na França continuava sendo muito elevada.