Madri, Espanha - A comunidade internacional condenou nesta sexta-feira a "barbárie" e o "ódio cego", após a onda de atentados que deixou dezenas de mortos na Tunísia - em que um grande número de turistas morreu alvejado por disparos na praia -, no Kuwait e na França, em pleno mês do Ramadã. Até agora, foram registrados ao menos 65 mortos. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, denominou os ataques de "terroristas" e "espantosos" e pediu que os responsáveis sejam "levados à justiça".
[VIDEO1]
O presidente francês, François Hollande, e seu colega tunisiano, Beji Ca;d Essebsi, "expressaram sua solidariedade diante do terrorismo e sua intenção de prosseguir e intensificar sua cooperação na luta contra esta praga", durante uma conversa por telefone nesta sexta-feira, informou a presidência francesa.
[FOTO476055]
A Casa Branca condenou os ataques, que denominou de "abomináveis". "Nossos pensamentos e orações estão com as vítimas destes ataques abomináveis, seus entes queridos e as pessoas nestes três países", manifestou-se, em comunicado. Assessores afirmaram que o presidente Obama está sendo regularmente informado sobre os ataques, lançados em três continentes.
"Eu quero deixar claro que existe um elo comum aqui de atividade extremista", afirmou John Kirby, porta-voz do Departamento de Estado. "Mas não acredito que tenhamos visto qualquer evidência de coordenação tática entre os ataques ou de uma ou qualquer número de organizações terroristas", prosseguiu.
O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, escreveu em sua conta no Twitter, que "a barbárie terá sempre adiante a união dos democratas". Rajoy foi o primeiro a reagir, após a descoberta de um homem decapitado em uma instalação industrial perto de Lyon, no leste da França, e o anúncio dos ataques contra turistas na cidade costeira tunisiana de Sussa, que deixaram pelo menos 39 mortos.
A Espanha elevou para "alto" o seu nível de vigilância para o risco de novos ataques. Quase simultaneamente, ao menos 25 pessoas morreram no Kuwait em um atentado suicida contra uma mesquita xiita, atribuído ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
O Brasil qualificou todos estes elementos como "criminosos praticados por extremistas em nome de ideias incompatíveis com as regas mais elementares da convivência e do respeito aos direitos humanos". A Argentina também expressou sua "profunda consternação e seu mais enérgico repúdio".
Ódio cego
Os atentados também chocaram os dirigentes europeus reunidos em Bruxelas para uma cúpula centrada na crise financeira da Grécia. "Nossos corações estão com todas as vítimas destes terríveis atentados terroristas", afirmou o premiê britânico, David Cameron, antes de anunciar uma reunião de crise de seu governo a esse respeito. "Devemos combater (...) esta perversão ideológica por todos os meios", acrescentou.
Estes ataques "deixam em evidência os desafios (...) com os quais devemos nos confrontar", declarou a chanceler alemã, Angela Merkel. "Nossos pensamentos estão com os familiares e amigos das vítimas e esperamos que os feridos possam se recuperar o mais rapidamente possível", afirmou.
Na Itália, que elevou o alerta terrorista, o primeiro-ministro, Matteo Renzi, expressou "sua grande dor" após os ataques na Tunísia, um país situado na costa mediterrânea, ao sul da Itália. Para ele, o ataque de Lyon confirma a existência de "pequenas células (...) muito bem organizadas".
"Queria, antes de mais nada, me unir ao luto que atinge a França e outros dois países amigos", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, no encerramento da cúpula. Em alusão à Tunísia, disse lamentar as vítimas naquele país que, no entanto, "gerenciou melhor as consequências" da Primavera Árabe que nos últimos anos desestabilizaram vários países da região.
"Nós, europeus, estamos unidos com nossos amigos, nossos irmãos e nossas irmãs árabes, como vítimas e no combate ao jihadismo", declarou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini. "É ainda mais importante nos próximos dias que mantenhamos esta unidade", prosseguiu. Estamos "unidos contra o ódio cego do terrorismo", havia dito anteriormente o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier.