Agência France-Presse
postado em 28/06/2015 17:06
Washington - Dois tunisianos interrogados e torturados em uma prisão secreta da CIA (a Agência de Inteligência Central americana) foram repatriados em segredo do Afeganistão, onde estavam detidos há uma década - relataram fontes do Pentágono neste domingo."O Departamento da Defesa transladou dois tunisianos de uma prisão afegã para a Tunísia para ajudar o governo do Afeganistão", disse à AFP o porta-voz do Pentágono, tenente-coronel Myles Caggins.
Segundo ele, a transferência aconteceu em 15 de junho e foi conduzida por militares americanos.
Realizada seis meses depois de concluída a missão americana no Afeganistão, a repatriação põe fim a mais de dez anos de detenção de Ridha Ahmad al-Najjar e de Lutfi al-Arabi al-Gharisi.
Ambos eram mantidos presos pelo regime afegão desde dezembro, quando os Estados Unidos entregaram a Cabul o controle de todas as prisões do país no âmbito do tratado bilateral de segurança. Treze anos se passaram desde a invasão americana ao país e a derrocada do regime talibã.
Suspeito de ser segurança do então líder da rede Al-Qaeda, Osama bin Laden, Najjar foi capturado em maio de 2002 em Karachi, no Paquistão, e foi o primeiro prisioneiro da "Salt Pit". Agora fechada, esta era a famosa prisão secreta da CIA no Afeganistão.
Segundo informe do Senado sobre o programa de detenções da CIA, Najjar ficou detido pela CIA durante mais de 700 dias. Foram mais de 22 horas, durante dois dias seguidos, pendurando com algemas e capuz para "quebrar a resistência". Também sofreu privação do sono e foi submetido a temperaturas muito baixas e a altíssimo volume de música.
Há menos informação sobre Gharisi. O documento do Senado diz apenas que ele também foi torturado durante sua detenção ao longo de 380 dias por parte da CIA.
A maioria dos presos de guerra dos Estados Unidos no Afeganistão era mantida na prisão de Bagram, 40 km de Cabul, onde foram torturados durante a época da guerra contra o terrorismo.
A chamada "guerra global contra o terror" foi declarada pelo presidente George W. Bush, após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA.