Quito, Equador - Especialistas brasileiros vão analisar um relatório desclassificado sobre o acidente aéreo que matou, em 1981, o então presidente do Equador, Jaime Roldós, informou nesta segunda-feira (29/6) o procurador-geral do Equador, Galo Chiriboga.
"Especialistas brasileiros vão analisar o relatório sobre a fuselagem do avião acidentado em Loja, em 24 de maio de 1981", no qual viajava Roldós, indicou a fonte em sua conta no Twitter.
Chiriboga acrescentou ter solicitado a análise aos especialistas do Brasil depois que o governo equatoriano entregou nesta segunda-feira 41 folhas e quatro CDs com informações desclassificadas sobre a queda do avião.
Os documentos incluem informações sobre reuniões do Conselho de Segurança Nacional (Cosena) do Equador entre 1975 e 1982, de acordo com o procurador.
As Forças Armadas da época endossaram a versão de um acidente com base em um relatório técnico que foi visto como prematuro pela família e amigos de Roldós, o primeiro presidente democraticamente eleito após o regime militar do Equador durante quase uma década.
Roldós, cujo governo iniciou em 1979 e que devia terminar em agosto de 1984, morreu na queda do avião em que viajava com sua esposa e sete outras pessoas, incluindo o então ministro da Defesa, o general Marco Subía, que também morreram.
A aeronave se chocou contra uma colina na província andina de Loja (sul e na fronteira com Peru).
Em março, Chiriboga disse que Roldós, que se opunha à Operação Condor, que coordenou a ação repressiva das ditaduras do Cone Sul, podia ter sido vítima de uma "execução extrajudicial".
As autoridades reabriram em 2013 a investigação sobre a morte de Roldós, na sequência de um documentário que denunciou as inconsistências da versão oficial da morte do ex-presidente.
Apoiado por documentos da CIA, Chiriboga disse que entre 1978 e 1980 o Equador fez parte da Operação Condor, uma estratégia de repressão das ditaduras que deixaram milhares de mortos e desaparecidos, e que investiga se a morte de Roldós está relacionada com a sua rejeição a esta estratégia.
O documentário "La Muerte de Jaime Roldós" trouxe à tona a hipótese de que o ex-presidente poderia ter sido vítima de uma aliança até recentemente secreta entre militares equatorianos e argentinos.