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Negociações sobre programa nuclear iraniano são prorrogadas até 7 de julho

Tentativa de acordo já tem mais de 20 meses

Agência France-Presse
postado em 30/06/2015 15:39

Viena, Áustria - As grandes potências e o Irã, envolvidas em Viena em complexas negociações, prolongaram as discussões até 7 de julho para alcançar um acordo histórico sobre o programa nuclear iraniano.

Tal acordo estaria "ao alcance das mãos", segundo afirmou nesta terça-feira o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, após uma longa maratona diplomática que já dura mais de 20 meses.

Por sua vez, o presidente americano, Barack Obama, reafirmou que não assinaria "um mau acordo", insistindo na necessidade de um mecanismo de verificação "forte e rigoroso".

"Espero que (as negociações) resultem em um acordo, mas minhas instruções são extremamente claras (...) tenho dito desde o início que deixaria a mesa de negociações em caso de um mau acordo", declarou durante coletiva de imprensa.

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As discussões sem precedentes entre Teerã e o P5%2b1 (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, China, França e Alemanha) resultaram em novembro de 2013 a um acordo preliminar, renovado duas vezes, que serve de base para as atuais discussões.

Este "Plano de ação conjunta", que permitiu uma suspensão parcial das sanções internacionais contra o Irã, em troca do congelamento de uma parte de seu programa nuclear, expiraria neste 30 de junho.

"Os países do 5%2b1 e o Irã decidiram prolongar até 7 de julho as medidas implementadas pelo Plano de ação conjunta, a fim de dar mais tempo para as negociações para alcançar uma solução de longo prazo para a questão nuclear iraniana", declarou nesta terça um porta-voz americano em Viena, oficializando a prorrogação das negociações.

Isso "não significa necessariamente que as negociações vão se prolongar até 7 de julho", observou Marie Harf.

Um pouco antes, a União Europeia anunciou que prolongaria por sete dias o congelamento de algumas sanções contra o Irã "a fim de dar mais tempo para as negociações".

Retomada do balé diplomático

O objetivo da negociação é chegar a um acordo histórico que limite o programa nuclear iraniano e impeça que a República Islâmica se dote de arma nucleares.

Inicialmente, esse objetivo deveria ser alcançado nesta terça-feira, data-limite para as partes sobre a base do acordo-quadro alcançado em Lausanne em 2 de abril.

Mas, apesar deste projeto de acordo e longas negociações, as posições ainda parecem distantes em vários pontos cruciais.

As conversações bilaterais e transversais retomaram nesta terça após uma orquestração já habitual. O chefe da diplomacia do Irã, Mohammad Javad Zarif, retornou a Viena após consultas em Teerã, e conversou longamente com o seu colega americano, John Kerry.

Ele também se reuniu com Yukiya Amano, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que terá um papel crucial em caso de acordo.

Zarif também se reuniu com o ministro alemão Frank-Walter Steinmeier e planejava se encontrar com Sergey Lavrov ainda hoje.

"As negociações chegaram a um ponto sensível. O único acordo que a nação iraniana aceitará é um acordo justo, equilibrado (respeitando) a grandeza nacional e os direitos do povo iraniano", declarou Zarif na parte da manhã.

Pontos de bloqueio persistem

A inspeção das instalações iranianas suspeitas por parte da AIEA é um dos pontos cruciais da negociação. A agência já tem acesso às instalações nucleares declaradas, mas gostaria de ter estender o seu âmbito de inspeções, incluindo instalações militares.

Esta possibilidade já foi categoricamente rejeitada pelo líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, que tem a palavra final sobre a questão nuclear.

Outras questões importantes precisam ser resolvidas, tais como a duração do um acordo.

A comunidade internacional quer frear o programa nuclear iraniano durante pelo menos dez anos, mas o aiatolá criticou na semana passada o longo tempo de paralisação das atividades iranianas.

Um acordo final teria importantes repercussões internacionais, abrindo o caminho para uma reaproximação já iniciada entre os Estados Unidos e o Irã, e marcaria o retorno da República Islâmica xiita ao cenário internacional, para o desespero de Israel e de regimes sunitas da região.

Um acordo seria "um grande erro", declarou nesta na terça-feira o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. "É um perigo. Um perigo para Israel, para a Itália, para a Europa, para os Estados Unidos, para o mundo", disse ele.

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