Agência France-Presse
postado em 02/07/2015 09:42
Amã, Jordânia - O conflito e a crise humanitária na Síria empurram um número cada vez maior de crianças a trabalhar em condições difíceis para sobreviver, alerta um relatório do Unicef e da ONG Save The Children. "A crise na Síria reduziu consideravelmente os meios de subsistência das famílias e empobreceu milhões de residências na região, o que levou o trabalho infantil a alcançar níveis críticos", lamenta Roger Hearn, diretor regional da Save The Children.[SAIBAMAIS]"As crianças trabalham principalmente para sua subsistência, seja na Síria ou nos países vizinhos, onde se transformaram nos principais atores econômicos", completou. De acordo com o relatório divulgado em Amã, as crianças na Síria contribuem para a economia familiar em três de cada quatro residências pesquisadas pelo censo. Na Jordânia, "quase metade das crianças refugiadas sírias são o principal sustento de suas famílias".
As crianças mais vulneráveis que trabalham são especialmente aquelas envolvidas na "exploração sexual e atividades ilícitas, incluindo a mendicância organizada e o tráfico de crianças", afirma o documento. "O trabalho infantil dificulta seu crescimento e seu desenvolvimento", destacou Peter Salama, diretor do Unicef para o Oriente Médio e o Norte da África. "As crianças trabalham durante longas jornadas por um salário pequeno, geralmente em ambientes extremamente perigosos e insalubres", disse.
No campo de refugiados de Zaatari, norte da Jordânia, 75% das crianças apresentam problemas de saúde relacionados ao trabalho. Além disso, estas crianças são mais suscetíveis de abandonar a escola, o que significaria uma ;geração perdida;". O conflito na Síria, que começou há quatro anos, provocou a morte de mais de 230 mil pessoas e o deslocamento de metade da população.