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Israel afirma que dois cidadãos do país estão sequestrados em Gaza

O caso havia sido mantido em sigilo por uma ordem de censura militar israelense, que foi suspensa nesta quinta-feira

Agência France-Presse
postado em 09/07/2015 08:21
Ashkelon, Israel - Israel afirmou nesta quinta-feira (9/7) que dois cidadãos do país estão sequestrados em Gaza, um deles pelo Hamas, o grupo palestino que utilizou em várias ocasiões reféns israelenses como uma moeda de troca. A informação é divulgada um ano depois que o sequestro e assassinato de três jovens israelenses perto de uma colônia da Cisjordânia resultou na Guerra de Gaza, conflito, que resultou na morte de 2.251 palestinos e 73 israelenses.

Em um comunicado, o ministério da Defesa afirma que, "segundo dados de inteligência confiáveis", Avraham Mengitsu, um israelense de ascendência etíope, "está sendo retido contra sua vontade pelo Hamas em Gaza". Mengistu, nascido em 1986, atravessou a barreira de segurança para entrar em Gaza em 7 de setembro de 2014, pouco depois do fim da guerra de 50 dias entre Israel e o Hamas, segundo a nota oficial.

[SAIBAMAIS]O comunicado cita ainda um "caso adicional de um árabe-israelense que também está sendo retido em Gaza". O Hamas não fez qualquer comentário oficial. Mas uma fonte do movimento islamita, que governa a Faixa de Gaza, disse à AFP que "nenhuma negociação foi iniciada oficialmente" com os israelenses, sem confirmar ou desmentir as detenções. Mas, advertiu, "nada é gratuito: antes de qualquer discussão, o Hamas exigirá a libertação de todos os prisioneiros liberados na troca do soldado Gilad Shalit e novamente detidos".

Em 2006, militantes de Gaza sequestraram o soldado israelense Gilad Shalit, que permaneceu em cativeiro por cinco anos, antes de ser libertado em troca da liberação de mais de 1.000 prisioneiros palestinos. Desde então, dezenas destes palestinos foram detidos novamente pelas autoridades israelenses e alguns deles foram condenados à prisão perpétua.



Israel mantém um rígido bloqueio a Gaza e não permite que seus cidadãos entrem no território palestino, em parte porque teme que sejam utilizados como moeda de troca para conseguir a libertação de alguns integrantes do Hamas. O irmão de Avraham Mengistu, Asho, falou com a imprensa na casa da família, em um bairro popular de Ashkelon, a 20 km da Faixa de Gaza. "É um caso humanitário porque ele não tem uma boa saúde", afirmou, sem revelar detalhes sobre o estado físico e mental do irmão. "Pedimos ao governo que o traga são e salvo, pedimos à comunidade internacional que atue, pedimos ao Hamas que o liberte", declarou.

As autoridades israelenses haviam informado à família de Avraham Mengistu sobre o sequestro em Gaza, mas solicitaram que não revelassem à imprensa, segundo um amigo.

Interlocutores internacionais
O caso havia sido mantido em sigilo por uma ordem de censura militar israelense, que foi suspensa nesta quinta-feira por um juiz da cidade de Ashkelon (sul de Israel). De acordo com a imprensa local, as informações sobre o árabe-israelense não identificado permanecem sob censura. "Israel apelou a interlocutores internacionais e regionais para exigir a libertação imediata e verificar seu estado de saúde", afirma o comunicado ministerial.

Israel e Hamas anunciaram recentemente a retomada de "contatos indiretos" para tentar alcançar uma trégua de longa duração em troca da flexibilização do bloqueio israelense sobre Gaza, imposto após o sequestro de Shalit. Ao mesmo tempo, Israel, que já aceitou trocar os corpos de alguns soldados mortos por prisioneiros, sobretudo do Hezbollah libanês, tenta há um ano recuperar os corpos de dois militares mortos pelo Hamas em Gaza.

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