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Processo de paz histórico entre Colômbia e Farc começa em 20 de julho

Esta é a primeira vez que o governo colombiano de Juan Manuel Santos aceita reduzir as operações contra a guerrilha desde o início do processo de paz, em 2012

Agência France-Presse
postado em 13/07/2015 08:26
Havana, Cuba - O governo da Colômbia e a guerrilha comunista das Farc alcançaram no domingo (12/7) um histórico acordo para uma desescalada do conflito armado, que havia se intensificado, colocando em risco o processo de paz, informaram diplomatas oficialmente. "O Governo Nacional, a partir de 20 de julho, colocará em andamento um processo de desescalada das ações militares, em correspondência com a suspensão de ações ofensivas por parte das Farc", disseram em Havana as delegações de paz do governo e da guerrilha, em um comunicado conjunto lido pelo diplomata norueguês Dag Nylander, que esteve acompanhado pelo diplomata cubano Rodolfo Benítez.

Cuba e Noruega são avalistas do processo de paz iniciado em 2012, no qual Chile e Venezuela são acompanhantes. Esta é a primeira vez que o governo colombiano de Juan Manuel Santos aceita reduzir as operações contra a guerrilha desde o início do processo de paz, em 2012. No entanto, em um discurso em Bogotá, o presidente colombiano advertiu que a continuidade do processo de paz está condicionada a que a guerrilha cumpra nos próximos quatro meses o acordo histórico alcançado em Cuba. "Vamos estar vigilantes sobre o que foi acordado hoje e em quatro meses, a partir de agora, dependendo se as Farc cumprirem, tomarei a decisão de continuamos com o processo ou não", afirmou Santos.

[SAIBAMAIS]Este histórico acordo, que visa a avançar para um cessar-fogo bilateral e definitivo, foi alcançado quatro dias depois que as Farc decretaram uma trégua unilateral de um mês a partir de 20 de julho. "As delegações do Governo Nacional e das Farc decidiram fazer todos os esforços necessários para chegar sem demora à assinatura de um acordo final", e, "em particular, acertar sem demoras os termos do cessar-fogo e de hostilidades bilateral e definitivo, e depor as armas, incluindo o sistema de monitoramento e verificação", afirmou Benítez, ao ler uma parte da declaração.



O diplomata cubano anunciou que as partes também pedirão o acompanhamento de um delegado do secretário-geral da ONU e de uma delegação da presidência da Unasul, atualmente exercida pelo Uruguai, a fim de contribuam para colocar em andamento a discussão sobre o sistema de monitoramento e verificação. As duas partes vão fazer dentro de quatro meses uma avaliação destas medidas, segundo Benítez. Um porta-voz das Farc, por sua vez, falou à AFP que este grupo rebelde resolverá dentro de um mês se prorroga sua trégua unilateral de 30 dias.

Saldo de 220 mil mortos
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a maior guerrilha desse país, mantiveram durante cinco meses uma trégua unilateral, período em que as ações armadas diminuíram drasticamente, mas a levantaram em maio depois de sofrer uma série de ataques das forças militares. O governo e as Farc se acusam mutuamente de ter começado a escalada de um conflito armado que é o último da América e que deixou em meio século 220 mil mortos e seis milhões de deslocados.

A nova trégua das Farc foi recebida com alívio pela comunidade internacional, que temia que a intensificação das hostilidades levasse ao colapso do processo de paz. Na quinta, as Farc reiteraram sua disposição de deixar as armas assim que for assinado um acordo de paz com o governo da Colômbia, mas exigiu garantias de que seus militantes não correrão riscos ao se incorporar à vida política.

O processo de paz para a Colômbia ganhou novo vigor durante a semana, depois que a guerrilha anunciou um cessar-fogo unilateral, respondendo a um apelo dos quatro países que acompanham o processo de paz para a Colômbia. O presidente Santos elogiou a nova trégua unilateral das Farc (a anterior durou cinco meses, até maio), mas disse que "é preciso mais", e pediu compromissos para acelerar os diálogos de paz.

Desde o início das negociações de Havana, as Farc propuseram uma trégua bilateral enquanto ocorrem as negociações de paz, o que Santos rejeitou reiteradamente. As Farc colocaram em vigor sua trégua unilateral por tempo indefinido em dezembro, mas a levantaram em maio após a série de ataques militares nos quais trinta guerrilheiros morreram. As duas partes estão perto de fechar um acordo parcial sobre reparação às vítimas, e podem anunciá-lo na segunda-feira, quando se encerra este ciclo de negociações de paz.

O governo e as Farc entraram em acordo até agora sobre três dos seis pontos da agenda e também acordaram um programa de desminagem e a criação de uma Comissão da Verdade.

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