Mundo

Negociações sobre programa nuclear iraniano não devem terminar hoje

O grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França, além da Alemanha) tenta fechar com o Irã um acordo em um tema que provoca tensões nas relações internacionais há mais de 12 anos.

Agência France-Presse
postado em 13/07/2015 14:18

Viena, Áustria - Todos os ministros que participam das negociações sobre o programa nuclear iraniano trabalhavam ativamente nesta segunda-feira para superar os últimos obstáculos a um acordo histórico, mas as possibilidades de alcançá-lo durante o dia se revelavam limitadas.

Enquanto o Irã e as grandes potências negociavam contra o tempo em Viena para finalizá-lo, mais cedo uma fonte chinesa havia apontado que Pequim considerava que já existem as condições para um bom pacto.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, se dirigirá à nação na televisão pública às 17h30 GMT (14h30 de Brasília) desta segunda-feira, anunciou seu governo sem fornecer mais detalhes.

Seu enviado em Viena, o ministro das Relações Exteriores Mohamad Javad Zarif, disse nesta segunda-feira que o Irã negociará "tanto quanto for necessário para terminar o trabalho".

Leia mais notícias em Mundo

"Todos trabalham para alcançar um ;sim; hoje, mas ainda é preciso vontade política", escreveu no Twitter o diplomata iraniano Alireza Miryusefi, presente na capital austríaca.

"Não posso prometer nada para esta noite ou amanhã à noite", havia declarado pouco antes Abbas Araghchi, um dos principais negociadores iranianos, enquanto outro diplomata falava de obstáculos importantes ainda no caminho, antes da expiração de um novo prazo à meia-noite desta segunda-feira (19h00 de Brasília).

Uma fonte iraniana disse nesta segunda-feira em Viena à AFP que as possibilidades de que um acordo seja fechado nesta segunda-feira são escassas. Concretamente, a fonte destacou que havia uma "escassa possibilidade".

Para a China, no entanto, "já se dão" as condições para permitir um bom acordo e "não pode e não devem ocorrer novos atrasos", nas palavras do ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, ao chegar nesta segunda-feira ao palácio de Coburg, que abriga as negociações há 17 dias.

O grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França, além da Alemanha) tenta fechar com o Irã um acordo em um tema que provoca tensões nas relações internacionais há mais de 12 anos.

Perto do topo


Todas as partes concordam que, passo a passo, importantes avanços foram alcançados.

"Percorremos um longo caminho. Precisamos alcançar o topo e estamos muito próximos. Estamos tão próximos que temos a impressão de que já chegamos lá, mas quando chegamos lá, sabemos que ainda há alguns passos a serem dados", disse no domingo o presidente Rohani em Teerã.

Iniciadas em setembro de 2013, as negociações entraram em sua fase final no dia 27 de junho com o objetivo inicial de selar um acordo em três dias, mas o prazo de 30 de junho foi adiado três vezes, a última até esta segunda-feira, 13 de julho.

Como mostra de que o fim está próximo, o ministro iraniano do Interior pediu que as autoridades locais preparem um cenário de festejos nas ruas.

A população, que elegeu Hassan Rohani em 2013 com a promessa de conseguir o levantamento das sanções, espera observar uma melhora de suas condições de vida caso um acordo seja assinado.

Esta rodada de negociações internacionais é uma das mais longas, em nível ministerial e em apenas um lugar, depois da que conduziu aos acordos de Dayton (EUA) após a guerra da Bósnia-Herzegovina em 1995.

Em abril, os negociadores entraram em acordo em Lausanne (Suíça) sobre as linhas gerais de um texto, que incluía a diminuição do número de centrífugas e das reservas de urânio enriquecido de Teerã, o que impossibilita na prática a fabricação rápida de uma bomba atômica.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação