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Varoufakis revela motivo de sua renúncia: queria postura dura frente ao BCE

O economista de temperamento forte, que garantiu sua renúncia em caso de vitória do "sim" no referendo de 5 de julho, surpreendeu ao renunciar ao cargo no dia seguinte à vitória do "não", por 61,1% dos votos

Agência France-Presse
postado em 13/07/2015 19:26
Em entrevista publicada nesta segunda-feira (13/7), o ex-ministro grego da Economia Yanis Varoufakis revelou os motivos de sua demissão, em meio à crise que abala o país.

O economista de temperamento forte, que garantiu sua renúncia em caso de vitória do "sim" no referendo de 5 de julho, surpreendeu ao renunciar ao cargo no dia seguinte à vitória do "não", por 61,1% dos votos.

Oficialmente, Varoufakis teria jogado a toalha, pois os credores não o queriam nas negociações e porque o primeiro-ministro Alexis Tsipras considerou que sua saída seria "útil" para chegar a um acordo.

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No entanto, em entrevista à revista britânica "New Statesman", realizada pouco antes da conclusão do acordo nesta segunda-feira, ele revelou que perdeu por 4-2 em uma reunião de gabinete após a vitória do "não", na qual defendeu uma postura dura diante do Banco Central Europeu (BCE).

Os bancos gregos estão fechados desde 29 de junho para evitar os saques em massa das poupanças, enquanto o BCE decidiu não ajustar mais seu teto de ajuda de urgência aos estabelecimentos gregos.

Convencido de que essa situação "desejada pelo BCE para fechar um acordo" aconteceria, Varoufakis previu "um tríptico" de ações em resposta: "emitir um IOU" (sigla para "I owe you", ou "eu lhes devo", o reconhecimento da dívida em euros); "aplicar um desconto a prazo dos títulos gregos" em poder do BCE, a fim de reduzir a dívida; e "tirar do BCE o controle do Banco da Grécia".

De acordo com o ex-ministro da Economia, era possível prever uma saída da Grécia da zona do euro, mas com a certeza de que não há meios legais para a expulsão da união monetária.

Para ele, esse seria o caminho para amedrontar os credores e obter um acordo melhor. Essa sugestão teria sido feita várias vezes entre 29 de junho e o dia da vitória do "não".

"Mas, naquela noite, o governo decidiu que a vontade do povo, esse ;não; esmagador, não teria de ser o desencadeante dessa aproximação enérgica (...) Pelo contrário, deveria levar a concessões ainda maiores ao outro lado", revelou.

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