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Israel terá de aprender a viver com o acordo nuclear iraniano

O Estado israelense denunciou de imediato um "erro histórico" que permitirá ao Irã financiar "sua máquina do terror"

Agência France-Presse
postado em 14/07/2015 13:35
Jerusalém - Israel se opôs energicamente às negociações com o Irã, ameaçando inclusive intervir militarmente para impedir a fabricação de uma bomba atômica, mas agora terá que aprender a viver com o acordo aceito pelas principais potências do mundo, estimaram os analistas.

O Irã e o grupo 5%2b1 (os países membros do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, além da Alemanha) concluíram nesta terça-feira (14/7) um acordo que praticamente impossibilita que Teerã fabrique uma bomba atômica durante vários anos, em troca do levantamento das sanções internacionais que afogavam sua economia.

O Estado de Israel denunciou de imediato um "erro histórico" que permitirá ao Irã financiar "sua máquina do terror". Nos últimos meses, durante as negociações que levaram ao acordo desta terça-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia assegurado que o acordo não impediria o Irã de fabricar a bomba atômica.

[SAIBAMAIS]Israel, única potência nuclear da região, embora nunca tenha reconhecido esse fato oficialmente, considera que sua existência será ameaçada caso Teerã obtenha uma bomba atômica. O Irã, no entanto, sempre negou que seu programa nuclear tenha objetivos militares. Mas segundo analistas, ainda que Teerã tentasse desenvolver armas atômicas, correria sérios riscos se seu objetivo fosse atacar o Estado de Israel.

Para os analistas, a partir de agora o governo israelense terá que se limitar à diplomacia para que suas preocupações sejam levadas em conta, já que o uso unilateral da força parece muito improvável, sobretudo se Teerã não violar o acordo. "Se (o acordo) for apresentado ao Conselho de Segurança e Israel decidir ;se esquecer do 5%2b1; (...) será uma agressão, não apenas contra o Irã, mas contra uma resolução da ONU", estimou Yossi Mekelberg, do instituto britânico Chatham House.

Erro histórico
Tão logo foi divulgada a notícia, Netanyahu declarou que seu país não está comprometido com o acordo entre as grandes potências e o Irã e que saberá se defender. "Porque o Irã continua buscando nossa destruição", declarou. "Sempre saberemos nos defender", acrescentou.

Nas últimas semanas, Netanyahu criticou o acordo que estava sendo negociado, afirmando que "abrirá um claro caminho às bombas nucleares" para Teerã. "Segundo os primeiros elementos aos quais tivemos acesso, já é possível dizer que este acordo é um erro histórico para o mundo", declarou nesta terça-feira o primeiro-ministro israelense.



Graças a este acordo, "o Irã receberá centenas de bilhões de dólares que lhe permitirão fazer funcionar sua máquina de terror, sua agressão e sua expansão no Oriente Médio e no mundo", acusou Netanyahu. "Não é possível impedir um acordo quando os negociadores estão dispostos a fazer mais e mais concessões a aqueles que, inclusive durante as negociações, gritam ;morte aos Estados Unidos;", ressaltou, referindo-se a manifestações antiamericanas.

Agora, provavelmente a principal tarefa de Israel será tentar influenciar o Congresso americano para que se oponha ao acordo, num momento em que os congressistas têm 60 dias para se pronunciar a respeito. Depois disso, certamente tentará apontar qualquer violação do acordo por parte do Irã e buscará impulsionar nos bastidores uma firme reação dos Estados Unidos e de outros países se isso ocorrer, segundo os analistas.

Uzi Dayan, um ex-assessor de segurança nacional israelense, reconheceu que seu país tem que seguir perseguindo seus objetivos por meios diplomáticos, mas também - estimou - precisa deixar aberta a possibilidade de realizar ações militares como último recurso.

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