Agência France-Presse
postado em 16/07/2015 14:38
Cairo - O ramo egípcio do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta quinta-feira um ataque "com míssil" contra uma fragata da marinha na península do Sinai, seu primeiro atentado do tipo desde o início da insurreição jihadista no país em 2013.Paralelamente, as autoridades afastaram o chefe da polícia do Cairo após a explosão de dois carros-bomba na capital, um deles perto do consulado da Itália na semana passada.
Os atentados aumentaram no Egito desde a destituição e prisão pelo exército do presidente islâmico Mohamed Mursi em 2013. Os ataques têm como alvos principalmente as forças de segurança, e mataram centenas de policiais e soldados no norte do Sinai.
Em um comunicado no Twitter, o grupo "Província do Sinai", o ramo egípcio do EI, afirmou que seus combatentes realizaram um ataque com "míssil teleguiado" contra "uma fragata" da marinha no mar Mediterrâneo, ao norte de Rafah, na fonteira com a Faixa de Gaza palestina.
O texto é acompanhado de três fotos que mostram o que parece ser um míssil antitanque atingindo o navio.
O exército egípcio havia anunciado que uma embarcação pegou fogo nesta quinta-feira durante confrontos entre os jihadistas e militares, indicando que nenhum soldado morreu no incidente.
Um fotógrafo da AFP e uma testemunha na Faixa de Gaza afirmaram que o navio estava a mais de 3km da costa quando ocorreu a explosão.
Outros navios egípcios foram socorrer a tripulação. O atentado desta quinta-feira é o primeiro contra um navio da marinha reivindicado pelos jihadistas do EI.
Em novembro, uma outra embarcação foi atacada no Mediterrâneo em circunstâncias que nunca foram esclarecidas ao largo da costa de Damiette (nordeste). O exército chamou o ataque "de terrorista", indicando que oito militares haviam desaparecido, sem mais detalhes.
Nos últimos dias, os jihadistas aumentaram seus ataques no país, apesar das operações de grande escala lançadas pelo exército, que diz ter matado mais de 1.100 "terroristas" no Sinai em dois anos.
Em 1; de julho, os jihadistas lançaram uma série de ataques coordenados no norte do Sinai contra posições do exército, antes de se envolver em confrontos sem precedentes com os militares. O exército relatou 21 soldados mortos na violência.
Pouco depois, o procurador-geral Hisham Barakat foi assassinado em um ataque com carro-bomba no Cairo que não foi reivindicado. Foi o mais alto representante do Estado a morrer na onda de ataques.
E no sábado, o EI reivindicou um ataque suicida com carro-bomba contra o consulado italiano no centro de Cairo, um ataque que matou um civil egípcio e destruiu parte da fachada do edifício.
Foi o primeiro ataque a uma missão diplomática desde a destituição de Mursi. Poucos dias depois do ataque, as autoridades demitiram o chefe da polícia do Cairo, o general Osama Bedair.
"O ministro do Interior Magdy Abdel Ghaffar ordenou a demissão do chefe da polícia do Cairo, o general Osama Bedair, e nomeou o general Khalid Abdel Aal (seu vice) em seu lugar", informou o ministério nesta quinta-feira.
Jihadistas dizem agir em retaliação à sangrenta repressão que se abateu sobre os pró-Mursi, em que mais de 1.400 pessoas, a maioria manifestantes islâmicos, foram mortos. Dezenas de milhares também foram presos, enquanto centenas foram condenados à morte em julgamentos em massa.