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Inocência destruída: Estado Islâmico filma garoto decapitando soldado sírio

Na Nigéria, três meninas se explodem em ataque suicida. Extremistas aproveitam fragilidade dos menores para fazer lavagem cerebral

Rodrigo Craveiro
postado em 18/07/2015 08:03

Menino segura o cabelo da vítima imobilizada, durante a decapitação

O garoto não tem mais do que dez anos. Veste uma bandana negra e roupa de camuflagem militar. Está de pé, sobre um militar sírio imobilizado e deitado de bruços. Com a mão direita, o menino puxa o cabelo do prisioneiro, capturado no posto de controle de Al-Bosayri (Síria), enquanto com a esquerda corta-lhe o pescoço com uma faca de caça pequena e serrilhada. Então, vira-se para a câmera. O olhar não transmite qualquer sentimento. Ele segura a cabeça arrancada da vítima e a expõe, como troféu. É observado de perto por um militante. Pela primeira vez, o Estado Islâmico (EI) utilizou uma criança do seu grupo Filhotes do Califado como a executora de uma decapitação. Pela primeira vez, a barbárie ; ocorrida no Palácio de Hir Ocidental, na província síria de Homs ; foi documentada em vídeo. Ao fim da gravação, o extremista adulto faz uma ameaça assustadora: ;Nossa meta não é somente Palmira, ou Homs, ou Damasco, nossa meta é conquistar Bayt Al-Maqdes (Jerusalém) e Roma, Deus queira;.

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No mesmo dia, três meninas se explodiram em um mercado de Damaturu, capital do estado de Yobe, no nordeste da Nigéria. Pelo menos uma das extremistas tinha dez anos. O triplo atentado suicida deixou 13 mortos e 15 feridos e teve como alvos locais onde se realizava a oração do Eid el-Fitr, que marca o fim do mês do jejum muçulmano do Ramadã. O uso de crianças em atos terroristas tem provocado repulsa internacional e fortes críticas da ONU. ;As crianças não estão instigando esses ataques suicidas; elas são usadas intencionalmente por adultos do modo mais horrível; elas são, em primeiro lugar, as vítimas, não as perpetradoras;, afirmou, em maio passado, Jean Gough, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na Nigéria.

;O uso de uma criança, por parte do Estado Islâmico, para cometer uma execução é apenas seu mais recente esforço em atrair atenção, por meio do desrespeito a normas de direitos humanos fundamentais;, explicou ao Correio, por e-mail, Kenneth Roth, diretor executivo da organização não governamental Human Rights Watch (HRW). ;Vários países assinaram um tratado que torna ilegal a utilização de crianças-soldados. A maioria das pessoas se sente ultrajada com essa prática, mas o Estado Islâmico crê que o tipo de pessoas que o grupo deseja recrutar admira a exploração dessas atrocidades;, lembra.

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