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Barco com ajuda humanitária da ONU atraca na cidade iemenita de Áden

O navio foi enviado pelo Programa Mundial de Alimentos da ONU após várias tentativas frustradas de entregar ajuda humanitária a milhares de iemenitas em situação desesperada

Agência France-Presse
postado em 21/07/2015 08:02
Adem, Iêmen - Um carregamento de ajuda humanitária chegou nesta terça-feira (21/7) a Áden a bordo do primeiro barco da ONU que atraca nesta cidade do sul do Iêmen após quatro meses de combates. Um segundo barco humanitário, enviado pelos Emirados Árabes Unidos, chegou esta tarde.

O primeiro navio foi enviado pelo Programa Mundial de Alimentos (PAM) da ONU após várias tentativas frustradas de entregar ajuda humanitária a milhares de iemenitas em situação desesperada graças ao avanço das forças governamentais em boa parte da cidade, nas mãos dos rebeldes xiitas huthis desde o final de março. "Este é o primeiro barco com bandeira da ONU que atraca em Áden desde que a guerra começou", no fim de março, disse o governador Nayef al Bakri no porto da cidade.

O barco foi recebido por membros do governo no exílio, que chegaram na semana passada a Áden pouco depois que as autoridades anunciaram a libertação da cidade tomada pelos rebeldes xiitas huthis. "As 4.700 toneladas de produtos alimentícios e farmacêuticos" trazidos pela embarcação continuam a ser desembarcados, segundo indicou o ministro dos Transportes, Badr Basalmeh.

[SAIBAMAIS]O responsável anunciou a chegada de um segundo barco com "2.315 toneladas de ajuda médica, enviada pelos Emirados Árabes Unidos", membro da coalizão árabe que, sob comando da Arábia Saudita, realiza ataques aéreos contra os rebeldes xiitas desde 26 de março. O conflito no Iêmen opõe as forças pró-governamentais, apoiadas pela coalizão aérea, com os xiitas apoiados pelos soldados fiéis ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh.

No dia 10 de julho, a ONU anunciou uma trégua humanitária que não pôde ser concretizada devido aos combates. O conflito deixou 3.640 mortos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dos quais 1.693 são civis, de acordo com o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Além disso, 80% da população, ou seja, 21 milhões de pessoas, precisam de ajuda ou proteção e mais de 10 milhões mal conseguem comer ou conseguir água.



Os huthis lançaram sua ofensiva em julho de 2014, a partir de seu reduto de Saada (norte), e com a ajuda de soldados leais a Saleh conquistaram grande parte do território, incluindo a capital Sanaa e Áden. Agora, as forças pró-governo estão recuperando terreno, apesar de ainda haver bolsões de resistência em várias partes. Os confrontos pelo controle do palácio presidencial de Al Maachiq, em Áden, continuam no distrito de Crater, bem como no norte da cidade, onde os combatentes leais ao presidente no exílio Abd Rabo Mansour Hadi tentam expulsar os rebeldes em direção à província vizinha de Lahj, segundo fontes militares.

Com a ajuda de aeronaves da coalizão, "centenas de veículos militares avançaram à noite para a entrada norte de Áden", indicou à AFP uma das fontes. Em Sanaa, os rebeldes anunciaram a morte de quatro pessoas em um atentado com carro-bomba, cometido na segunda-feira à noite perto de uma mesquita xiita e reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), que aumentou os ataques no Iêmen desde os primeiros atentados que deixaram 142 mortos em 21 de março na capital.

Além disso, onze rebeldes foram mortos na noite de segunda-feira em ataques na capital, segundo testemunhas e fontes médicas. Os Emirados Árabes Unidos anunciaram, por sua vez, a morte de um de seus oficiais, o terceiro morto em operações militares da coalizão no Iêmen.

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