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Turquia reforça segurança e prende suspeitos após morte de policiais

A operação do PKK, apresentada como uma "ação punitiva" após o ataque reavivou o risco de transbordamento na Turquia da guerra entre os curdos e os jihadistas em solo sírio

Sanliurfa, Turquia - Três pessoas foram presas nesta quinta-feira (23/7) após o assassinato de dois policiais reivindicado pelos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em represália ao ataque mortal anti-curdo atribuído ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

[SAIBAMAIS]Em meio à crescente tensão política no país, a polícia prendeu três suspeitos supostamente envolvidos no assassinato de dois agentes encontrados mortos na quarta-feira com uma bala na cabeça em seu domicílio em Ceylanpinar (sudeste), na fronteira com a Síria.

O governo turco, que prometeu agir contra o grupo EI, homenageou hoje seus dois "mártires". "O sangue de nossos mártires não ficará impune", declarou em uma cerimônia o chefe da polícia local, Eyüp Pinarbasi.



A operação do PKK, apresentada como uma "ação punitiva" após o ataque que atingiu Suruç (sul) na segunda-feira, reavivou o risco de transbordamento na Turquia da guerra entre os curdos e os jihadistas em solo sírio.

Uma organização próxima aos rebeldes curdos da Turquia afirmou em seu site ter matado na terça à noite um comerciante de Istambul apresentado como um membro do grupo EI. "Os assassinos de Suruç vão prestar contas", escreveu o Movimento da Juventude Patriótica Revolucionária (YDG-H).

O ataque, que deixou 32 mortos e centenas de feridos, teve como alvo um grupo de jovens simpatizantes da causa curda que desejavam participar na reconstrução da cidade de Kobane. Esta cidade síria foi destruída por quatro meses de intensos combates que resultaram na vitória dos curdos contra o EI.

Desde o ataque, o governo islâmico-conservador turco tem sido alvo de muitas críticas. Seus opositores o acusam de não ter agido ante as ameaças jihadistas ou de fazer vista grossa às atividades do EI em seu solo, o principal ponto de passagem de recrutas para a Síria.

Um colunista do jornal Milliyet, Kadri Gürsel, foi demitido na quarta-feira por culpar o presidente Recep Tayyip Erdogan pelo ataque.

Ancara sempre negou essas acusações, afirmando que utilizará "todos os meios para detectar os autores" do ataque, segundo Erdogan.

Segurança reforçada

Muitos manifestantes, incluindo curdos, protestam diariamente em cidades de todo o país para denunciar a política de Erdogan. Estes encontros são sistematicamente reprimidos pela polícia.

Selahattin Demirtas, líder do principal partido curdo no país, o Partido Democrático dos Povos (HDP), que obteve quase 13% dos votos nas eleições parlamentares de 7 de junho, convocou uma manifestação antijihadista no domingo em Istambul.

Questionado pela oposição e nas ruas, o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu se esforça para silenciar seus rivais com a promessa de reforçar a sua luta contra os jihadistas.

"Consideramos o Daesh (acrônimo árabe de EI) como uma ameaça (...) o nosso sistema de controle de fronteiras será reforçado", prometeu na quarta-feira à noite seu porta-voz, Bulent Arinc.

De acordo com o jornal Hurriyet, citando autoridades turcas, o governo planeja implantar dirigíveis acima dos 900 km de sua fronteira com a Síria e dobrar sua linha de barreiras para impedir a circulação de jihadistas.

Durante uma conversa por telefone na quarta-feira, Erdogan e o presidente americano, Barack Obama, concordaram "em intensificar" sua cooperação contra os jihadistas.

A imprensa turca informou sobre a abertura da base aérea de Incirlik (sul) para os aviões da coalizão internacional que intervém na Síria e no Iraque.

Até o momento, a Turquia se negou a contribuir com a luta contra o EI, se recusando a intervir em apoio às milícias curdas na Síria. Esta decisão provocou violentos distúrbios na Turquia durante a batalha de Kobane em outubro.

As autoridades turcas anunciaram formalmente que identificaram o "homem-bomba" de Suruç, um turco de 20 anos.

Segundo a imprensa, Seyh Abdurrahman Alag;z deixou o país para a Síria com seu irmão há seis meses e teria retornado em maio.

Sua mãe Semüre assegurou que Hürriyet sofreu uma lavagem cerebral do EI.