Agência France-Presse
postado em 24/07/2015 13:28
Um empresário russo procurado pela morte do ex-espião Alexander Litvinenko contou que queria que o opositor ao Kremlin morresse pela ação de um veneno muito caro, segundo um relato lido nesta sexta-feira ante uma investigação judicial. A comissão que investiga a morte de Litvinenko leu as conversas entre a polícia alemã e uma testemunha, identificada apenas como D3 e amiga do empresário russo suspeito Dimitri Kovtun que é procurado pela polícia britânica, junto ao também russo Andrei Lugovoi, por ter assassinado supostamente Litvinenko em um hotel de Londres em 1 de novembro de 2006, utilizando um chá envenenado com polônio 210, um isótopo radioativo.
[SAIBAMAIS]Litvinenko, um ex-agente do serviço de segurança russo FSB que trabalhava na época para o MI6 britânico, morreu em 23 de novembro em Londres após três semanas de dolorosa agonia. Kovtum planeja testemunhar ante a comissão através de videoconferência desde Moscou a partir de segunda-feira.
Em várias entrevistas realizadas a partir de dezembro de 2006, D3 informou a polícia alemã sobre uma conversa que supostamente teve com Kovtun em Hamburgo no dia 30 de outubro de 2006, antes que o suspeito viajasse a Londres. D3 disse que Kovtun havia chamado Litvinenko de traidor que "faz acordos com a Chechênia", acrescentando: "Tem as mãos manchadas de sangue". "Posteriormente (Kovtun) me perguntou se conhecia um cozinheiro que trabalhasse em Londres", contou a testemunha à polícia alemã. "Dimitri disse que tinha um veneno muito caro e que precisava que o cozinheiro o administrasse em Litvinenko".
D3 deu a Kovtun o nome de C2, outra testemunha não identificada pela comissão, pensando que ele podia estar trabalhando em Londres como cozinheiro. Sempre segundo a mesma testemunha, Kovtun teria dito que pretendia que o envenenamento de Litvinenko "servisse de exemplo". D3, que havia o conhecido quando trabalhava em um restaurante de Hamburgo, disse que depois pediu que parasse com "esse absurdo". A leitura também indicou que as autoridades alemãs consideravam que a informação fornecida por D3 não era confiável.
Na comissão foi explicado que D3 não respondeu ao pedido de testemunhar diretamente ante a comissão, e não pôde ser legalmente obrigado a ir ao Reino Unido para ajudar na investigação.