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Novos ataques sauditas fazem fracassar trégua humanitária no Iêmen

Trégua foi decretada de forma unilateral para permitir a chefada de ajuda humanitária aos civis da região

Agência France-Presse
postado em 28/07/2015 13:38
A trégua humanitária que estava prevista até sexta-feira fracassou nesta terça no Iêmen, onde a coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita retomou seus ataques aéreos contra os rebeldes xiitas huthis, ao mesmo tempo em que os combates terrestres também prosseguiam. O Irã imediatamente acusou a Arábia Saudita, seu adversário regional, de ter "brincado com fogo e hoje com o cessar-fogo" no Iêmen. "A Arábia Saudita, ao cometer um erro estratégico no Iêmen, brincou com fogo e hoje brincou com o cessar-fogo", afirmou a chancelaria iraniana.

[SAIBAMAIS]A trégua, decretada unilateralmente pela coalizão, já se viu fragilizada na véspera, no dia em que entrou em vigor, pelos combates e ataques da coalizão, que deixaram 12 combatentes mortos. "Não há trégua", afirmou à France Press o governador de Áden, Nayef al Bekri. "As forças que apoiam o presidente Abd Rabo Mansur Hadi continuam com suas operações para manter a segurança em Áden, limpando as zonas próximas de Lahj e Abyane", acrescentou.

Os bombardeios recomeçaram nesta terça ao norte de Áden, a segunda cidade do país, agora em mãos das forças governamentais, e também na vizinha província de Lahj, no sul. Durante o dia, foram realizados três ataques aéreos contra um comboio militar dos huthis e seus aliados em Sabr, a 20 km de Áden. Por sua parte, os combatentes pró-governamentais tomaram o controle de uma estrada que conecta Áden e Abyane, indicaram fontes militares. Os aviões da coalizão também bombardearam um prédio em mãos dos rebeldes xiitas na região de Jaawala, no norte de Áden, sem provocar vítimas.



Na segunda, aviões da coalizão bombardearam por engano posições das forças pró-governamentais no sul do Iêmen, perto da base aérea de Al-Anad, controlada pelos rebeldes xiitas huthis, na província de Lahj. Doze pessoas morreram. A pausa de cinco dias, decretada de forma unilateral pela coalizão, começou à meia-noite local (18h00 de Brasília de domingo) para permitir a chegada de ajuda humanitária aos civis, duramente atingidos após quatro meses de bombardeios.

Os rebeldes, que no ano passado tomaram o controle de grande parte do país, incluindo a capital, não haviam se manifestado sobre se aceitavam a pausa. Nas últimas 24 horas morreram no norte de Áden 22 insurgentes, dois civis e quatro combatentes favoráveis ao governo, indicou à AFP o chefe regional da Saúde, Al Jadr Lasuer.

A ONG Human Rights Watch (HRW) afirmou, por sua vez, que o ataque aéreo da coalizão árabe que matou 65 civis em Mokha, sudoeste do país, se assemelha a um "crime de guerra". "Com a evidente ausência de objetivos militares, este ataque se assemelha a um crime de guerra", afirma Ole Solvang, chefe da HRW para casos urgentes. O alvo do ataque foi um bairro residencial reservado aos funcionários de uma central elétrica. A HRW afirma que o diretor da central, Bagil Jafar Qasim, informou que 65 civis morreram no ataque, entre eles dez crianças.

Segundo a ONU, mais da metade dos 3.700 mortos em quatro meses de conflito eram civis; e 80% da população - isto é, 21 milhões de pessoas - precisam de ajuda ou proteção, enquanto 10 milhões têm dificuldades para se alimentar ou encontrar água.

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