Agência France-Presse
postado em 03/08/2015 14:27
Adem, Iêmen - As forças pró-governamentais do Iêmen lançaram nesta segunda-feira (3/8) uma ampla operação militar para reconquistar a maior base aérea do país, em mãos dos rebeldes xiitas huthis, uma operação que conta com o apoio da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita.A base, localizada 60 km ao norte de Áden, é estratégica uma vez que os rebeldes mantém neste local uma plataforma para atacar esta cidade, capital do sul do país.
"A batalha para retomar a base de Al-Anad começou", declarou à AFP uma fonte militar.
Os partidários do presidente iemenita no exílio, Abd Rabo Mansur Hadi, reconquistaram a cidade portuária de Áden em meados de julho e agora tentam retomar a base para cortar as linhas de abastecimento dos rebeldes o sul.
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A base de Al-Anad caiu em mãos rebeldes em março passado e os militares americanos, que utilizavam essas instalações dentro de sua luta antiterrorista, tiveram de abandoná-la.
Os huthis lançaram uma grande ofensiva de seu reduto de Sanaa (norte) em julho de 2014. Nos meses posteriores, conquistaram amplas faixas do território, incluindo a capital Sanaa.
A ofensiva desta segunda-feira foi precedida pelo envio de importantes reforços e de caças da coalizão áraba, que apoiam o movimento das tropas terrestres iemenitas ao longo de 15km2, segundo fontes militares.
A Arábia Saudita lançou em 26 de março uma campanha contra os rebeldes iemenitas para evitar que conquistassem o país.
Na parte da tarde, as forças governamentais "chegaram na entrada oeste da base", declarou um militar, que preferiu não se identificar.
Paralelamente ao ataque, as forças pró-governo assumiram o controle de Huta, uma posição importante na província de Lahj, e o eixo de Al-Ribat, no norte de Áden, depois de repelir os rebeldes.
Em Áden, os soldados da coalizão foram mobilizados para manter a posição. "Centenas de soldados árabes do Golfo" desembarcaram no domingo no porto de Áden com "dezenas de tanques e blindados" e foram mobilizados ao redor da cidade para "protegê-la", indicou uma fonte militar.
O jornal Al Hayat, financiado pelo governo saudita, informou que 1.500 soldados haviam desembarcado em Áden, "a maioria dos Emirados Árabes Unidos", um dos principais membros da coalizão liderada pela Arábia Saudita.
O avanço das huthis em direção ao sul do país, provocou a fuga para Riad do governo iemenita e levou ao lançamento dos ataques aéreos da coalizão.
Depois de sucessivas derrotas nas últimas semanas, especialmente a perda de Áden, o líder da rebelião xiita, Abdel Malek al-Huthi, declarou estar disposto a procurar uma solução política para o conflito no país.
"Uma solução política ainda é possível", disse o líder do Ansarullah, o movimento político dos rebeldes, em um discurso transmitido pelo canal de televisão do seu grupo, Al-Masira.
Para tal solução, "admitimos qualquer esforço de qualquer parte neutra, árabe ou internacional", acrescentou Huthi, minimizando a perda de Áden.
O líder rebelde falou horas antes de o secretário de Estado americano, John Kerry, se reunir em Doha com seus colegas das monarquias do Golfo para discutir o acordo sobre o programa nuclear iraniano e a situação no Iêmen.
A guerra no Iêmen deixou cerca de 4.000 mortos, metade deles civis, nos últimos quatro meses, segundo a ONU.