Agência France-Presse
postado em 05/08/2015 12:19
O secretário de Estado americano John Kerry denunciou nesta quarta-feira a "militarização" de Pequim no Mar da China Meridional, motivo de tensão no sudeste asiático.
Kerry ser reuniu com o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, em Kuala Lumpur durante um encontro da Associações de Nações do Sudeste Asiático (Asean). "Kerry reiterou sua preocupação com o aumento das tensões no Mar da China Meridional e com as reclamações em grande escala da China, assim como com as construções e a militarização da região" disse um diplomata do Departamento de Estado.
"Ele estimulou a China, ao lado dos outros países demandantes, a acabar com as ações problemáticas para criar espaço para a diplomacia", completou a fonte.
Vários países acusam a China de transformar os recifes de coral em portos e infraestruturas para ganhar espaço no mar (quase 800 hectares nos últimos 18 meses, segundo Washington) e ampliar assim a sua soberania.
Washington e os países do sudeste asiático pediram o fim deste tipo de operação, o que foi rejeitado pela China. Mas nesta quarta-feira, Wang afirmou que Pequim já havia parado. "A China já parou. Observem, quem constrói? Peguem um avião e vejam por si sós", disse Wang aos jornalistas. Mas uma fonte diplomática asiática afirmou que Wang havia declarado aos colegas da região que Pequim prosseguiria com os projetos de construção nas ilhas.
O vice-ministro das Relações Exteriores do Japão, Minoru Kiuchi, expressou uma "profunda preocupação com a reivindicação em grande escala de território, a construção de postos avançados e seu uso com fins militares".
As divergências no Mar da China Meridional voltam a ser abordadas na reunião da Asean, integrada por 10 países (Malásia, Tailândia, Cingapura, Vietnã, Indonésia, Filipinas, Laos, Camboja, Mianmar e Brunei). O encontro conta ainda com as participação dos Estados Unidos, China, Rússia, União Europeia (UE), Japão e Austrália.
Em um rápido encontro nesta quarta-feira entre Estados Unidos e Asean, Kerry se mostrou mais apaziguador, limitando-se a pedir "estabilidade" e uma solução "pacífica" às disputas territoriais. A região é um cruzamento de rotas marítimas vitais para o comércio mundial e muitos acreditam que contém reservas de combustíveis.
Vietnã, Malásia, Filipinas e o sultanato de Brunei reivindicam a soberania de algumas partes estratégicas deste mar. Pequim reivindica a soberania de quase toda a região e aposta em uma política cada vez mais agressiva na região. Com base em mapas que remontam aos anos 1940, construiu recentemente ilhas artificiais nos recifes disputados.
Kerry terá um encontro durante a noite com o chanceler russo, Serguei Lavrov, para "abordar um leque de temas" que preocupam os dois países, informou uma fonte do Departamento de Estado.
Kerry e Lavrov já conversaram na segunda-feira em Doha, à margem de uma reunião dos países do Golfo. Na ocasião eles debateram essencialmente a guerra na Síria, ao lado do colega saudita, Adel al-Jubeir.