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Massacre de civis na Síria provoca condenações generalizada

Ao menos 240 pessoas ficaram feridas e 96 morreram

Agência France-Presse
postado em 17/08/2015 15:11

Damasco, Síria - Os Estados Unidos condenaram nesta segunda-feira os ataques "brutais" do regime sírio, que mataram 96 pessoas em um mercado perto de Damasco, um dos mais violentos desde o início da guerra, denunciando o "desprezo do regime pela vida humana".

O Departamento de Estado também reafirmou em um comunicado que Washington "trabalha com seus parceiros para uma verdadeira transição política negociada, sem incluir (o presidente sírio Bashar al) Assad.

Neste sentido, o diretor de assuntos humanitários da ONU, Stephen O;Brien, afirmou que está "horrorizado" com o mais recente ataque aéreo do regime sírio em Duma - a principal localidade rebelde da região de Damasco.

Já a União Europeia afirmou que "os responsáveis pelas graves violações dos direitos Humanos e do massacre de milhares de civis devem prestar contas".

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O incidente aconteceu na mesma zona e quase dois anos depois de um ataque com armas químicas que as potências ocidentais e a oposição atribuem ao regime de Bashar al-Assad.

Uma série de bombardeios aéreos do regime sírio atingiu no domingo um mercado muito movimentado no centro de Duma, 13 km ao nordeste de Damasco e que está sob o controle insurgente há quase três anos.

"Os ataques brutais do regime Assad contra cidades sírias mataram milhares de pessoas e destruíram escolas, mesquitas, mercados e hospitais", ressaltou o porta-voz da diplomacia americana, John Kirby, em um comunicado mais firme do que o habitual.

Ele reafirmou a linha diplomática de Washington, defendendo que "Assad não tem nenhuma legitimidade para dirigir o povo sírio".

Antes desta declaração, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, que recebia seu colega iraniano, Javad Zarif, afirmou que impor a saída do presidente Assad como uma pré-condição a uma solução política neste país era "inaceitável para a Rússia".

Moscou e Washington discutem há semanas uma saída diplomática para a crise na Síria, mas continuam divergindo profundamente sobre o futuro de Assad.

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"O balanço subiu para 96 mortos, incluindo ao menos duas mulheres e quatro crianças", informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que citou a possibilidade do aumento do número de vítimas fatais, em consequência do estado crítico de muitos feridos.

Pelo menos 240 pessoas ficaram feridas, segundo a mesma ONG, que tem sede no Reino Unido e conta com uma ampla rede de fontes.

Poucas horas depois do que a oposição no exílio chamou de "massacre", os aviões do regime voltaram a atacar a mesma localidade nesta segunda-feira.

O diretor de assuntos humanitários da ONU, Stephen O;Brien, que visitava Damasco no momento dos ataques, disse que estava "horrorizado com a total falta de respeito demonstrada para com as vidas dos civis neste conflito".

Ele afirmou estar "particularmente comovido com as informações sobre ataques aéreos que deixaram dezenas de mortos e centenas de feridos entre os civis no coração de Duma, uma zona cercada".

Um fotógrafo da AFP no local afirmou que este foi o ataque mais violento que já cobriu em Duma.

O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, considerou "inaceitável para um governo matar seus próprios cidadãos, independentemente das circunstâncias", segundo um comunicado.

"O bombardeio do governo ontem em Duma foi devastador, os ataques contra zonas civis estão proibidos pelo direito internacional", acrescentou.

Após os bombardeios, os moradores transportaram os feridos para um hospital improvisado no qual, sem espaço suficiente, dezenas de cadáveres estavam alinhados no chão ensanguentado e até mesmo na rua. Muitas crianças com os corpos cobertos de sangue gritavam e choravam.

"Foi um massacre deliberado", afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

"Assad comete um novo massacre em Duma contra um mercado lotado", denunciou no Twitter a coalizão da oposição no exílio.

Na semana passada, a ONG Anistia Internacional acusou o governo sírio de "crimes de guerra" na mesma região e citou "ataques diretos, às cegas e desproporcionais".

O conflito na Síria começou em 2011 com a violenta repressão às manifestações pacíficas contra o regime de Assad, o que provocou um conflito armado que, aos poucos, virou uma complexa guerra civil na qual se enfrentam governo, rebeldes, curdos e jihadistas.

Desde então morreram mais de 240.000 pessoas e mais de quatro milhões fugiram do país.

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