Agência France-Presse
postado em 19/08/2015 11:43
Um tribunal tailandês emitiu nesta quarta-feira (19/8) uma ordem de prisão contra um estrangeiro suspeito de ser o responsável pelo atentado de segunda-feira (17/8) em Bangcoc, no qual 20 pessoas morreram, e divulgou um retrato-falado deste homem que faria parte de uma rede terrorista.[SAIBAMAIS]A ordem, emitida por um tribunal penal de Bangcoc, acusa o estrangeiro ainda não identificado de conspirar para cometer "um assassinato premeditado", de "associação com terroristas" e "participação na confecção de uma bomba".
O retrato falado mostra um suspeito jovem, magro, com barba rala, cabelo escuro e óculos de armação preta. O homem foi identificado na terça-feira (18/8), a partir de imagens de câmeras de segurança, deixando uma mochila na entrada do santuário ao ar livre de Erawan, no distrito central de Chidlom. Poucos minutos depois, a bomba explodiu no local.
No momento do ataque, milhares de tailandeses que trabalham na região e turistas estrangeiros, atraídos pelos centros comerciais e hotéis, passavam perto do local. Entre os 20 mortos estavam pelo menos 13 estrangeiros: vários malaios de uma mesma família, chineses, cingapurianos, uma britânica residente em Hong Kong, outro cidadão desta mesma cidade e um indonésio. O ataque deixou 123 feridos, incluindo vários estrangeiros. Pelo menos 68 pessoas seguem internadas, entre elas 12 em estado crítico.
Segundo a polícia, o homem suspeito de ter depositado uma bomba em um santuário de Bangcoc, em uma ação que matou 20 pessoas, pertence a uma "rede". "O autor não fez isto sozinho. Acreditamos que outras pessoas o ajudaram, tailandeses. É uma rede", declarou o chefe de polícia do país, Somyot Poompanmoung.
"Ao menos duas outras pessoas poderiam estar envolvidas no ataque", segundo Prawut Tavornsiri, porta-voz da polícia. A polícia oferece uma recompensa de um milhão de bahts (25.400 euros) por informações que resultem na detenção do suspeito.
Nas imagens das câmeras de vigilância, o jovem senta-se em frente aos portões do santuário antes de deixar calmamente debaixo de um banco sua mochila. Ele então sai de cena, com um saco plástico azul na mão e parece consultar um telefone celular. A polícia já interrogou o piloto do mototáxi que transportou o homem depois do atentado.
Reconquistar a confiança; dos turistas
Após uma segunda explosão na terça-feira à tarde perto da estação de metro de Saphan Taksin, que não deixou feridos, a polícia afirmou que havia uma ligação entre os dois ataques. Mas nesta quarta-feira (19/8), o chefe de polícia finalmente considerou que poderia se tratar de uma "imitação".
Apesar de nenhum grupo reivindicar o ataque, as autoridades parecem ter descartado a possibilidade de se tratar de uma ação de insurgentes muçulmanos do sul do país. Esta região na fronteira com a Malásia vive um conflito que já fez mais de 6.400 mortos desde 2004.
A emissão de um mandado de prisão contra um estrangeiro deve relançar as especulações sobre grupos externos suscetíveis de atacar o país. A pista de um ataque da minoria uigur chinesa também tem sido avançada. Alguns analistas especulam que o ataque contra este templo, muito popular entre os turistas chineses, visiva de fato Pequim, em resposta à expulsão pela Tailândia de uma centena de muçulmanos uigures para a China.
Militantes islamitas já realizaram ataques em vários países do Sul da Ásia, particularmente na ilha indonésia de Bali, mas a Tailândia nunca havia sido atacada. Neste contexto, a junta militar no poder decidiu reforçar a segurança nas zonas turísticas, especialmente em lugares que atraem muitos visitantes chineses "para recuperar a sua confiança", declarou o porta-voz da junta, Winthai Suvaree.
Nesta quarta-feira (19/8), 12 monges budistas realizaram uma pequena cerimônia para a reabertura do santuário, cercados por alguns fiéis - incluindo turistas - que compareceram para orar de joelhos ao deus hindu Brahma. O local foi limpo e apenas as grades de ferro retorcidas testemunham a tragédia.
Na cidade, a tensão era palpável. "Eu sempre vivi aqui, mas agora eu estou com medo, porque eles podem atacar qualquer lugar", disse Sommai Gazem, que possui uma barraca de pratos tailandeses.