Agência France-Presse
postado em 20/08/2015 14:04
O Irã e a Grã-Bretanha vão reabrir suas respectivas embaixadas simultaneamente, indicou nesta quinta-feira uma autoridade iraniana ao anunciar a visita no domingo do chefe da diplomacia britânica, Philip Hammond, a Teerã.Esta será a primeira visita de um ministro britânico das Relações Exteriores ao Irã desde 2003. Ela ocorrerá após a visita de vários ministros europeus na esteira da assinatura, em 14 de julho, de um acordo histórico sobre o programa nuclear iraniano.
A autoridade iraniana do ministério das Relações Exteriores, falando sob a condição de anonimato, não deu a data exata da reabertura das embaixadas, mas ressaltou que ocorrerá durante a visita do ministro britânico. A imprensa iraniana evocou o domingo.
"Sr. Hammond visitará Teerã no domingo para a reabertura da embaixada de seu país", disse a fonte. A embaixada iraniana em Londres irá reabrir "ao mesmo tempo", acrescentou.
A embaixada da Grã-Bretanha foi fechada em novembro de 2011 após um ataque de manifestantes islâmicos hostis ao endurecimento das sanções contra o Irã, relacionadas ao seu controverso programa nuclear.
Por sua vez, a embaixada iraniana também foi fechada. Em Londres, o Foreign Office apenas confirmou a visita de Hammond a Teerã nos próximos dias.
Em uma conversa telefônica com o presidente iraniano Hassan Rohani, em 16 de julho, o primeiro-ministro britânico David Cameron "expressou (seu) interesse" em reabrir a embaixada britânica no Irã.
Este novo avanço diplomático ocorre mais de um mês após a conclusão de um acordo entre o Irã e as potências do grupo 5%2b1 (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha), que prevê restrições ao programa nuclear civil do Irã em troca de um levantamento gradual e reversível das sanções internacionais que sufocam a economia iraniana desde 2006.
O ataque contra a embaixada britânica foi realizado por manifestantes islâmicos sem que a política presente no local interviesse para impedi-lo. Essa atitude despertou uma onda de críticas internacionais, especialmente da ONU, enquanto a chancelaria iraniana lamentou o ocorrido.
Com a eleição do presidente moderado Rohani, em junho de 2013, e a retomada das negociações nucleares no final daquele mesmo ano, as relações entre Teerã e Londres foram gradualmente restabelecidas.
Em fevereiro de 2014, os dois países concordaram em normalizar as relações, hasteando simbolicamente a bandeira nacional em suas respectivas representações em Londres e Teerã. Pouco tempo antes, haviam nomeado representantes oficiais não residentes.
A visita de Hammond acontece após a de seu colega francês, Laurent Fabius, precedida pela do vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, e da chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Os países ocidentais, que limitaram as suas relações comerciais e econômicas com o Irã por causa das sanções relacionadas com o programa nuclear, esperam, após o acordo de 14 de julho, retomá-las rapidamente para estar presentes em um mercado de quase 80 milhões de pessoas.
O governo do presidente Rohani também tem incentivado a normalização das relações com o Ocidente para atrair investimentos internacionais, necessários urgentemente para desenvolver diferentes setores da economia, incluindo os setores de petróleo e gás, que sofreram fortemente com as sanções.
Apesar de terem sido um dos principais negociadores do acordo nuclear, os Estados Unidos, ainda considerados como o "Grande Satã" pelo Irã, não têm uma embaixada em Teerã.
As relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas em 1980, após a revolução islâmica de 1979 e a tomada de reféns de diplomatas americanos por estudantes islâmicos, que durou 444 dias.