Agência France-Presse
postado em 23/08/2015 10:39
O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Philip Hammond, presidiu neste domingo a cerimônia de reabertura da embaixada de seu país em Teerã, quatro anos depois de uma invasão de manifestantes à representação diplomática, que provocou o fechamento do local.A viagem de Hammond acontece cinco semanas depois do anúncio do acordo entre o Irã e as potências mundiais, incluindo a Grã-Bretanha, sobre seu programa nuclear.
Hammond entrou na embaixada ao meio-dia (4H30 de Brasília) e celebrou a cerimônia de reabertura nos jardins do imóvel, ao lado de Ajay Sharma, o encarregado de negócios, que será o diplomata britânico de maior nível em Teerã.
A embaixada iraniana também vai reabrir as portas neste domingo. Os dois países devem anunciar os embaixadores nas próximas semanas.
Hammond deve conceder uma entrevista coletiva com o colega iraniano Mohammad Javad Zarif.
"Já estou em Teerã. A primeira visita ministerial britânica desde 2003. Momento histórico nas relações GB-Irã", escreveu Hammond no Twitter.
As autoridades europeias iniciaram visitas ao Irã logo após a assinatura do acordo nuclear em 14 de julho.
O acordo, se for definitivamente ratificado por Irã e Estados Unidos, representará a suspensão das sanções contra um país que é um importante produtor de petróleo.
- Mercado de 80 milhões de pessoas -
A embaixada britânica fechou em 2011 depois de um saque executado por manifestantes hostis ao endurecimento das sanções contra o Irã por seu polêmico programa nuclear. O ataque, que aconteceu diante da passividade da polícia, provocou uma onda de protestos internacionais e Teerã acabou expressando seu arrependimento.
A embaixada iraniana em Londres fechou no mesmo momento.
As relações entre o Reino Unido e o Irã melhoraram depois da eleição do moderado Hassan Rohani como presidente em junho 2013 e da retomada das negociações sobre o programa nuclear no mesmo ano.
Em fevereiro de 2014, os dois países decidiram normalizar as relações com o hasteamento simbólico das bandeiras em suas respectivas representações diplomáticas em Londres e Teerã. Um pouco antes haviam nomeado encarregados de negócios não residentes.
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, visitaram Teerã nas últimas semanas.
Os países ocidentais, que reduziram consideravelmente as relações comerciais e econômicas com o Irã em consequência das sanções, esperam poder restabelecer rapidamente os vínculos com a república islâmica, um mercado de 80 milhões de habitantes.
O governo do presidente Rohani também deseja normalizar as relações com o Ocidente para atrair os investidores internacionais que o país necessita para desenvolver os diversos setores de sua economia, em particular o dos combustíveis, muito prejudicado pelas sanções.
Apesar de ter sido um dos principais negociadores do acordo sobre o programa nuclear, Estados Unidos continuam sendo considerados como o "Grande Satã" no Irã e não têm embaixada em Teerã.
As relações diplomáticas entre os dois países foram rompidas em 1980, após a revolução islâmica de 1979 e a tomada de reféns de diplomatas americanos em sua embaixada em Teerã, que durou 444 dias.