Washington, Estados Unidos - A Colômbia pediu nesta segunda-feira (31/8) uma "rápida ação" da Organização dos Estados Americanos (OEA) para resolver a crise diplomática entre Bogotá e Caracas envolvendo o êxodo forçado de milhares de colombianos do território venezuelano.
"Trata-se de uma situação humanitária grave, complexa e que requer uma rápida reação, expressão e atitude de todos nossos países americanos", declarou o embaixador colombiano diante da OEA, Andrés González.
"A OEA poderá manter-se distante ou à margem de uma situação como esta? Nós colombianos acreditamos que não" - completou González durante uma sessão extraordinária do Conselho Permanente da organização.
O embaixador venezuelano, Roy Chaderton, defendeu diante da OEA a decisão "democrática" de seu governo de fechar a fronteira com a Colômbia e deportar colombianos, e expressou sua "suspeita" de que a reação de Bogotá corresponde a interesses eleitorais, prévia às eleições locais em outubro.
"Algo pode parecer suspeito pela magnitude do escândalo que foi feito sobre uma decisão soberana do governo da Venezuela", disse Chaderton.
Para o diplomata, a verdadeira "crise humanitária é a que produziu o êxodo de cinco milhões e meio de colombianos" que cruzaram durante anos a Venezuela fugindo do conflito armado em seu país.
A discussão na OEA constitui o primeiro passo para levar a crise binacional ao terreno dos organismos multilaterais regionais.
Os chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) debaterão o assunto em uma reunião extraordinária prevista para esta sexta-feira em Quito.
Segundo números do governo colombiano, as autoridades venezuelanas deportaram cerca de mil de seus compatriotas e mais de 6.000 voltaram a seu país voluntariamente por medo de serem expulsos à força, ficarem separados de sua família e perderem seus pertences.
A tensão entre Bogotá e Caracas começou em 19 de agosto com o fechamento de alguns pontos fronteiriços pelo presidente Nicolás Maduro após um ataque de desconhecidos a militares venezuelanos, que o governo da Venezuela atribui a "paramilitares colombianos".
A crise se aprofundou mais na quinta-feira passada, quando ambos países chamaram para consultas seus embaixadores.
Na sexta-feira Maduro ampliou um estado de exceção par a dez municípios da zona fronteiriça "para limpar o paramilitarismo, a criminalidade, o contrabando, os sequestros e o narcotráfico".
Segundo González, entre os refugiados encontram-se "mais de 244 meninos e meninas. Não são paramilitares", afirmou.