Agência France-Presse
postado em 01/09/2015 13:34
Dezenas de jovens militantes ocupavam nesta terça-feira o ministério libanês do Meio Ambiente, exigindo a renúncia do ministro, em um contexto de crise de serviços públicos e protestos inéditos contra a corrupção da classe política."Fora! Fora o ministro do Meio Ambiente", gritavam os manifestantes, que estavam em um corredor próximo ao gabinete do ministro, segundo a agência nacional de informação (ANI).
Esta escalada inédita na crise no Líbano ocorre pouco antes da expiração do prazo fixado pela campanha cidadã para obter a renúncia do ministro. Este ultimato fixado pelos militantes expira nesta terça-feira às 19h00 locais (13h00 de Brasília).
Um dos organizadores da campanha cidadã "Apestan", Lucien Bourjeily, afirmou à AFP que os jovens não deixarão de lutar até a renúncia do ministro, Mohamad Machnuk. "Se responderem as nossas reivindicações antes da expiração do prazo, nos retiraremos", acrescentou.
A polícia antidistúrbios chegou nesta terça-feira ao imóvel do ministério, constataram os correspondentes da AFP no local, mas não havia ocorrido nenhum incidente. A maioria dos funcionários puderam abandonar o edifício sem problemas.
No sábado passado, dezenas de milhares de libaneses expressaram em Beirute sua rejeição a uma classe política considerada corrupta e incapaz de oferecer serviços públicos básicos, na maior manifestação já organizada pela sociedade civil deste país.
Organizada pelo coletivo "Apestan", a campanha começou em meados de julho com a crise do recolhimento de lixo devido ao fechamento do maior lixão do Líbano, e o amontoamento de resíduos domésticos nas ruas da capital e em outras cidades do país.
Para além da crise do lixo, esta iniciativa demonstra de maneira mais geral o cansaço de parte da população pela corrupção endêmica, as disfunções do Estado e a paralisia das instituições políticas.
Um quarto de século após o fim da guerra, a eletricidade segue racionada e em todos os verões a água fica mais escassa por falta de represas, apesar de o Líbano ser um dos países com mais precipitações do Oriente Médio.
Desde as eleições de 2009, o Parlamento prolongou em duas ocasiões seu mandato e os deputados se mostraram incapazes de eleger um presidente da República, posto vago desde maio de 2014.