Agência France-Presse
postado em 01/09/2015 15:07
A polícia evacuou à força nesta terça-feira (01/09) o ministério libanês do Meio Ambiente, ocupado no início do dia por ativistas exigindo a renúncia do ministro, em um contexto de crise de serviços públicos e protestos inéditos contra a corrupção da classe política.[SAIBAMAIS]Breves confrontos foram registrados à tarde em frente ao ministério entre a polícia e centenas de pessoas que se reuniram em apoio aos jovens manifestantes. Os líderes do movimento afirmaram que a polícia bateu em vários ativistas durante a evacuação forçada do prédio.
Esta escalada inédita na crise no Líbano ocorre pouco antes da expiração do prazo fixado pela campanha cidadã para obter a renúncia do ministro. Este ultimato fixado pelos militantes expira nesta terça-feira às 19h00 locais (13h00 de Brasília).
Um dos organizadores da campanha cidadã "Apestan", Lucien Bourjeily, afirmou à AFP que os jovens não deixarão de lutar até a renúncia do ministro, Mohamad Machnuk. "Se responderem as nossas reivindicações antes da expiração do prazo, nos retiraremos", acrescentou.
No sábado passado, dezenas de milhares de libaneses expressaram em Beirute sua rejeição a uma classe política considerada corrupta e incapaz de oferecer serviços públicos básicos, na maior manifestação já organizada pela sociedade civil deste país.
Organizada pelo coletivo "Apestan", a campanha começou em meados de julho com a crise do recolhimento de lixo devido ao fechamento do maior lixão do Líbano, e o amontoamento de resíduos domésticos nas ruas da capital e em outras cidades do país.
Para além da crise do lixo, esta iniciativa demonstra de maneira mais geral o cansaço de parte da população pela corrupção endêmica, as disfunções do Estado e a paralisia das instituições políticas.
Um quarto de século após o fim da guerra, a eletricidade segue racionada e em todos os verões a água fica mais escassa por falta de represas, apesar de o Líbano ser um dos países com mais precipitações do Oriente Médio.
Desde as eleições de 2009, o Parlamento prolongou em duas ocasiões seu mandato e os deputados se mostraram incapazes de eleger um presidente da República, posto vago desde maio de 2014.