Agência France-Presse
postado em 01/09/2015 18:55
O anúncio do papa Francisco de conceder, durante o Jubileu, o perdão às mulheres que abortaram foi recebida com beneplácito por um grupo de católicas argentinas que pediu que o Parlamento e o governo de Cristina Kirchner abordem o debate sobre sua descriminalização.Marta Alanis, fundadora e integrante do grupo Católicas pelo Direito de Decidir, disse à AFP que esta "flexibilização do Papa não reconhece que o aborto é um dilema ético que cada mulher resolve de acordo com seus próprios critérios", embora tenha considerado que "é preciso ver o lado positivo".
Alanis destacou "o poder simbólico do líder religioso, razão pela qual (este anúncio) faz bem em uma região que tem um alto percentual de católicos e que dá muita importância ao que o papa diz na hora de legislar e distribuir justiça".
"Embora o papa nunca vá impulsionar o direito ao aborto, se flexibiliza uma posição tão dogmática, o Parlamento argentino deveria pelo menos abrir o debate", exortou.
Segundo a dirigente feminista, "os políticos argentinos se autodisciplinam e ao invés de fazer valer o Estado laico, querem agradar as igrejas".
Na Argentina, o aborto é proibido exceto se a gravidez for fruto de estupro ou de risco de vida para a mãe.
"O aborto não deve ser visto como uma irresponsabilidade da mulher", advertiu.
Segundo dados oficiais, "no país sul-americanos são realizados, em média, quase dois abortos por mulher em idade reprodutiva", segundo Alanis um dado que considerou "muito alto, razão pela qual deveria ser um tema de agenda política".
A cada ano morre uma centena das 500.000 mulheres que abortam na Argentina e há entre 70 e 80 mil complicações, segundo cifras da associação Mulheres na Rede.