Agência France-Presse
postado em 01/09/2015 19:07
A Faixa de Gaza, castigada por várias guerras e pelo bloqueio israelense, pode se tornar "inabitável" em menos de cinco anos, anunciou nesta terça-feira o órgão da ONU encarregado de temas de desenvolvimento e comércio (UNCTAD). Em seu relatório anual sobre a assistência da UNCTAD para o povo palestino, esta organização explica que não será possível "viver em Gaza em 2020", se nos próximos cinco anos "continuarem as tendências econômicas atuais".
[SAIBAMAIS]Situada no sudoeste de Israel, na fronteira com o Egito e às margens do Mediterrâneo, Gaza é um pequeno enclave 362 km2, onde se amontoam 1,8 milhão de palestinos, o que significa uma das maiores densidades populacionais do mundo. Para os economistas da ONU, "as repercussões sociais, de saúde e de segurança da alta densidade populacional e da aglomeração são alguns dos fatores que podem com que não se possa viver em Gaza em 2020".
Os especialistas ressaltam que, em 2014, "a Faixa de Gaza sofreu o terceiro conflito com operações militares em larga escala em seis anos, depois de oito anos de bloqueio econômico". "Os esforços de reconstrução são extremamente lentos em relação à magnitude da devastação e a economia local de Gaza não teve a oportunidade de se recuperar", acrescentam, destacando que as condições socioeconômicas no enclave estão em seu nível mais baixo desde 1967, quando Israel tomou o controle deste território na Guerra dos Seis Dias.
A UNCTAD destaca que as perspectivas para 2015 "são sombrias, devido à instabilidade política, à redução das correntes de ajuda, à lentidão da reconstrução em Gaza e aos efeitos persistentes da retenção por Israel das receitas alfandegárias palestinas durante os quatro primeiros meses de 2015". Israel impõe um bloqueio à Faixa de Gaza desde a captura, em junho de 2006, de um dos seus soldados, libertado em 2011.
O movimento islamita Hamas, no poder em Gaza desde 2007, atualmente mantém contatos indiretos com Israel, seu grande inimigo, para tentar alcançar uma trégua de longa duração em troca da suspensão do bloqueio. Mas um ano depois da última e devastadora guerra em Gaza, que em julho e agosto de 2014 deixou mais de 2.200 mortos do lado palestino - inclusive 550 crianças - e mais de 70 do lado israelense, tanto o Hamas quanto Israel se negam a descartar em seus discursos um novo uso da força.