Agência France-Presse
postado em 04/09/2015 10:19
Kobane, Síria - O pai do menino sírio de três anos que morreu afogado na Turquia, cuja fotografia provocou uma forte comoção em todo o mundo, retornou nesta sexta-feira (4/9) a Kobane, na Síria, para enterrar a família.
[SAIBAMAIS]Abdullah Kurdi chegou à cidade de fronteira turca de Suruç com os caixões de Aylan, de seu irmão de cinco anos e de sua esposa, que se afogaram quando a família tentava chegar à Grécia a partir da Turquia. Depois ele atravessou a fronteira e seguiu para a cidade síria de Kobane.
Um comboio acompanhou Kurdi a partir da cidade balneária de Bodrum (sudoeste da Turquia), cenário da tragédia, até a fronteira síria. Abdullah Kurdi, visivelmente devastado, falou com a imprensa em Istambul.
"Como pai que perdeu os filhos, não tenho mais nada o que esperar deste mundo. A única coisa que gostaria é que o drama e os sofrimentos na Síria acabassem, que a paz retornasse", disse, de acordo com a agência turca Dogan. Ele também afirmou esperar que o mundo tome consciência do drama dos migrantes.
A cidade síria organizava o sepultamento da esposa e dos filhos de Kurdi, que serão enterrados como "mártires de Kobane", porque pagaram com suas vidas para fugir da guerra, afirmaram as autoridades locais. Vários deputados turcos atravessaram a fronteira para acompanhar o funeral.
O pai de Aylan contou na quinta-feira (3/9) como os filhos de três e cinco anos e a esposa morreram, ao lado de outros nove refugiados sírios, no naufrágio da embarcação em plena noite quando a família tentava chegar à ilha grega de Kos, porta de entrada para a União Europeia (UE).
"Eu dava a mão a minha mulher, mas meus filhos me escaparam pelas mãos", contou o pai da família na quinta-feira à agência turca Dogan. O corpo de Aylan foi encontrado na quarta-feira (2/9) em uma praia de Bodrum com o rosto voltado para a areia.
Depois do naufrágio que dizimou a família Kurdi, a polícia turca prendeu quatro suspeitos de tráfico de seres humanos, todos de nacionalidade síria.