Agência France-Presse
postado em 08/09/2015 19:22
A Bulgária, um país membro da Otan, anunciou nesta terça-feira ter proibido a passagem por seu espaço aéreo de vários aviões russos que na semana passada se dirigiam à Síria."Os aviões transportavam em teoria ajuda humanitária, mas tivemos informação digna de confiança segundo a qual o carregamento declarado não era o que levavam na realidade", disse à AFP uma porta-voz do ministério búlgaro das Relações Exteriores, Betina Zhoteva.
A decisão foi tomada na semana passada, completou a porta-voz, que não disse de quantos aviões se tratavam.
A Bulgária atuou de forma independente, sem pressões de sócios da Otan, assegurou.
Esta decisão ocorreu depois de que na segunda-feira foi informada sobre um pedido feito pelos Estados Unidos à Grécia de não autorizar a passagem de aviões russos que iam à Síria.
Um porta-voz grego afirmou nesta terça-feira que a Rússia havia pedido para sobrevoar o país há 25 dias. "O governo começou a estudar a demanda, mas a Rússia decidiu por iniciativa própria seguir outro itinerário", explicou o porta-voz à AFP.
"Se alguém, e neste casos nossos sócios gregos e búlgaros, tem dúvidas, deveriam nos explicar qual é o problema", declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, citado pela agência de notícias russa Interfax.
"Se estamos falando que tomaram medidas de tipo restritiva ou proibitiva simplesmente pelo pedido dos americanos, isso gera então interrogações", completou o vice-ministro.
"O fato de que os búlgaros tenham sido os primeiros a responder (ao pedido de Washington), é algo que levarão em sua consciência", completou Vladimir Djabarov, vice-presidente do comitê para Assuntos Estrangeiros do Conselho de Federação russo.
Djabarov afirmou à agência de notícias oficial TASS que a Rússia só transportava à Síria "carregamento humanitário" e completou que "não é rentável transportar armas por avião".
"Sempre explicamos de onde vem e para onde vão nossos aviões, e qual é seu destino e sua carga", assegurou Bogdanov.
A Otan reafirmou sua inquietude. O secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, se manifestou "preocupado diante das informações segundo as quais a Rússia poderia ter mobilizado pessoal militar e aviões na Síria".
Um apoio material russo ao regime de Bashar Al-Assad provocaria uma escalada do conflito, afirmou.
O secretário de Estado americano, John Kerry, havia advertido a seu homólogo russo, Sergei Lavrov, mediante uma ligação que seu governo estava "preocupado", mas este respondeu que a Rússia nunca havia escondido que apoiava militarmente Damasco em sua luta contra os insurgentes.