Agência Estado
postado em 13/09/2015 16:30
Grupos trabalham sem parar para completar um dos mais observados projetos de construção da Europa central: uma cerca de três metros e meio de altura feita de fios de arame farpado que vai se estender pelos mais de 170 quilômetros da fronteira da Hungria com a Sérvia.A cerca - junto com um processo judicial que torna a travessia ilegal um crime - são peças centrais de um controverso plano do governo húngaro para conter o fluxo de refugiados que entram no país.
Depois de semanas de caos, o primeiro-ministro Viktor Orbán disse nos últimos dias que "o período de tolerância acabou" para os refugiados, a maioria dos quais está fugindo de países tomados pela guerra no Oriente Médio.
O governo anunciou o deslocamento de tropas para as fronteiras do sul do país como forma de garantir o cumprimento de uma série de medidas, incluindo a prisão por até três anos para imigrantes ilegais, o que começa a valer em 15 de setembro.
Com a fronteira em intensa atividade neste final de semana, muitos estavam confusos. Veículos militares se moviam pela fronteira e ninguém tinha conhecimento sobre se a presença de militares afetaria o trabalho de policiais que já estavam no local.
Leia mais notícias em Mundo
Trabalhadores de agências humanitárias também estão indo em direção ao sul dizendo que não têm certeza sobre o que o governo deseja fazer. Os refugiados continuam a atravessar a fronteira entrando na Hungria.
Em um campo cheio de lama ao lado de trilhos de trem, diversos refugiados se reuniam num mar de tendas. O fluxo de imigrantes aumentou durante o final de semana e, até a tarde deste domingo, o acampamento improvisado tinha chegado ao seu limite. Pilhas de lixo estavam não muito longe de pilhas de cobertores, sapatos e outras doações. Trabalhadores humanitários disseram que pelo menos alguns dos refugiados queriam atravessar a fronteira correndo antes da mudança da lei em 15 de setembro.
"Há uma semana essa área toda tinha apenas uma barraca com voluntários húngaros", disse o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Erno Simon.
O número de pessoas cruzando a fronteira da Hungria ilegalmente totalizou 5,9 mil entre o começo do dia de sábado e a manhã de domingo no país, segundo informações da polícia. Com isso, o total neste ano já é de 187 mil contra 42 mil em todo o ano passado.
Autoridades húngaras alegam estar apenas reagindo da melhor forma que podem diante da situação. Orban disse que grande parte da culpa é da Alemanha por ter adotado políticas que, na opinião dele, encorajam demais os refugiados.