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Talibãs cavam túnel de 1km para libertar cerca de 400 de presos

O túnel, no Afeganistão, foi cavado durante meses para facilitar a fuga

Agência France-Presse
postado em 14/09/2015 07:23
Ghazni, Afeganistão - Um comando talibã invadiu nesta segunda-feira (14/9) uma prisão na região central do Afeganistão e libertou centenas de detentos, supostamente insurgentes, através de um túnel de um quilômetro que foi cavado durante meses para facilitar a fuga espetacular.

[SAIBAMAIS]O ataque à prisão da província de Ghazni recorda a liberação em 2011 de 500 combatentes por um comando talibã na província de Kandahar (sul), um reduto da rebelião islamita armada, que as autoridades locais da época chamaram de "desastre" para o sistema de segurança.



Na madrugada desta segunda-feira, "seis talibãs com uniformes militares atacaram a prisão de Ghazni", afirmou à AFP o vice-governador da província, Mohamad Ali Ahmadi. "Primeiro detonaram um carro-bomba na entrada da prisão, depois lançaram um foguete RPG e invadiram a prisão", completou.

Ahmadi anunciou que 352 presos fugiram, enquanto o ministério do Interior anunciou um balanço de até 400 detentos.
O ataque terminou com pelo menos quatro policiais mortos e dezenas de pessoas feridas. Os talibãs reivindicaram a autoria do ataque em um comunicado, no qual afirmam que a prisão "caiu sob controle" do grupo após "várias horas" de combates.

Os prisioneiros, todos combatentes e comandantes talibãs segundo a rebelião, fugiram por um túnel "de um quilômetro de comprimento", cavado durante cinco meses, segundo o comunicado insurgente."Nesta operação, 400 de nossos inocentes compatriotas foram libertados e levados para zonas sob controle dos mujahedines", complete a nota de reivindicação.

A grande fuga coincide com a intensificação dos ataques insurgentes contra as forças governamentais e alvos estrangeiros para, segundo analistas, consolidar a influência do novo líder talibãs, o mulá Akhtar Mansur, que não recebeu apoio unânime dentro do grupo rebelde após sua rápida nomeação.

O mulá Mansur sucedeu oficialmente o mulá Omar após o anúncio, no fim de julho, de sua morte, em um processo considerado "muito rápido" e "não consensual" por alguns comandantes, que também criticam a proximidade do novo líder com o Paquistão.

Com este cenário, o mulá Mansur não economiza nos apelos por "unidade" do movimento talibã, que havia se comprometido a participar em diálogos de paz com o governo afegão com a mediação do Paquistão, ao mesmo tempo que coordenava uma violenta ofensiva por todo o país.

O mulá Mansur mantém a ambiguidade sobre suas intenções a respeito dos diálogos de paz. Ele pede a suas tropas que não acreditem na "propaganda do inimigo" que envolve as negociações, enquanto os talibãs cometem vários atentados na capital Cabul.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, adotou uma postura diferente do antecessor, Hamid Karzai, e se aproximou do Paquistão para que o país vizinho tente convencer os insurgentes a uma participação no processo de paz. Mas desde o início dos ataques em Cabul, Ghani acusa Islamabad de estar vinculado com a onda de violência, o que é negado pelas autoridades paquistanesas.

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