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Israel volta a deter sem acusações advogado palestino que fez greve de fome

A polícia justificou a detenção ao alegar uma "melhora" do estado de saúde

Agência France-Presse
postado em 16/09/2015 07:26
Jerusalém, Israel - Israel voltou colocar em detenção administrativa o advogado palestino Mohamed Allan, que em agosto havia conseguido, após 60 dias de greve de fome, sair da aplicação deste polêmico regime de prisão sem acusações, anunciou a polícia.

[SAIBAMAIS]Allan foi detido na manhã desta quarta-feira (16/9) no hospital de Ashkelon (oeste), onde ficou muito próximo da morte antes da suspensão de sua detenção administrativa pelas autoridades israelenses. A polícia justificou a detenção ao alegar uma "melhora" do estado de saúde, o que significa que o palestino poderá cumprir a ordem de detenção administrativa que estava em vigor até 4 de novembro. Entretanto, eles não informaram se Allan será liberado ao final da pena ou se as autoridades renovarão a detenção administrativa. Provavelmente Allan voltará a lutar contra a detenção administrativa.



O advogado palestino já havia afirmado que iniciaria uma nova greve de fome em caso de nova detenção, segundo seu pai, Abu Mutir. Mohamed Allan era praticamente desconhecido antes da greve de fome, que o transformou no símbolo da luta contra o regime de detenção administrativa.

No dia 6 de novembro de 2014 Allan foi detido com base em "depoimentos e informações de que estava em contato com um ativista terrorista da Jihad Islâmica para cometer atentados de grande alcance", segundo fontes das forças de segurança israelenses. A Jihad Islâmica, uma organização considerada terrorista por Israel, afirma que o advogado é um de seus integrantes.

Em agosto, a greve de fome de Allan e a repercussão do caso obrigaram as autoridades israelenses a reagir e o Tribunal Supremo terminou por suspender a detenção administrativa. Allan suspendeu a greve de fome, que provocou lesões cerebrais. Mas os juízes do Tribunal Supremo haviam deixado em suspenso a questão de seu eventual retorno à detenção administrativa no caso de melhora do estado de saúde.

De acordo com o pai de Allan, o hospital de Ashkelon havia autorizado a transferência para o hospital de Nablus, na Cisjordânia. "Ele foi detido no momento em que saía do hospital e o levaram para Ramleh", no subúrbio de Tel Aviv. "Insistem que ele permaneça detido até a expiração da ordem de detenção administrativa", disse.

A detenção administrativa permite às autoridades israelenses manter na prisão um suspeito sem que ele seja notificado de qualquer acusação durante seis meses, com possibilidade de renovação por tempo indefinido. Mais de 300 palestinos estão em detenção administrativa, segundo diversas fontes.

Em 2006, Allan foi condenado a três anos de prisão por atividades "tendentes a recrutar homens-bomba", segundo fontes israelenses. O caso do advogado palestino deixa o governo de Israel em um dilema, pois não deseja ceder à pressão de um prisioneiro e, ao mesmo tempo, teme uma escalada de violência caso Allan morra em consequência da greve de fome.

Uma lei aprovada em julho, que permite alimentar à força prisioneiros em greve de fome, justamente para enfrentar este tipo de caso, complica ainda mais a situação. Os médicos israelenses, indispensáveis para a aplicação da norma, são contrários a esta lei.

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