Agência France-Presse
postado em 16/09/2015 13:21
Tel Aviv, Israel - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta quarta-feira (16/9) um endurecimento das penas contra as pessoas que jogam, diante da multiplicação de "ataques contra cidadãos e policiais", após o terceiro dia de confrontos na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém."Nós declaramos guerra aos lançadores de pedras e artefatos explosivos", declarou Netanyahu nesta quarta-feira no local onde um motorista israelense de 65 anos, Alexander Levlovitz, morreu ao perder o controle de seu veículo na madrugada de segunda-feira após ser atingido por pedras. Jerusalém, cuja parte oriental e palestina é ocupada por Israel, tem sido palco há um mês da violência entre israelenses e palestinos.
Na terça-feira (15/9), palestinos e forças de segurança israelenses se enfrentaram, pelo terceiro dia consecutivo, na Esplanada das Mesquitas, local sagrado para muçulmanos e judeus. Os confrontos aconteceram ao redor da mesquita de Al-Aqsa entre jovens palestinos que atiravam pedras contra policiais israelenses, que entraram na Esplanada e responderam com bombas de efeito moral.
Se jogar pedras é uma ocorrência quase cotidiana em Jerusalém, nos últimos meses foram registrados ataques isolados com facas e atropelamentos deliberados.
Pedras matam
Netanyahu deseja reforçar a repressão contra aqueles que lançam pedras, objetos incendiários, fogos de artifício ou bombas artesanais contra policiais e civis.
Neste sentido, "decidiu-se um endurecimento das medidas em vários domínios: uma modificação das regras de compromisso será examinada, assim como estabelecer uma pena mínima para os lançadores de pedras e multas significativas para os menores - e seus pais - que cometerem esses delitos", declarou o chefe do governo israelense, na abertura de uma reunião de urgência com vários ministros e autoridades de segurança.
"Nas vésperas do Ano Novo (judaico) ficou demonstrado, mais uma vez, que as pedras podem matar", declarou Netanyahu, referindo-se à morte de um motorista israelense. "As pedras matam e queremos que a pessoa presa por jogá-las seja considerada como alguém que porta uma arma mortal", ressaltou a ministra da Justiça, Ayelet Shaked.
A Esplanada estava relativamente calma nesta quarta-feira, com a exceção de um confronto entre a polícia israelense e os guardas dos locais sagrados. O fim das festividades do Ano Novo judeu na noite de terça parece ter acalmado a situação no local e nas ruas adjacentes da Cidade Velha.
Grupos judaicos visitaram a Esplanada sob proteção policial e sob as investidas de alguns muçulmanos.
"Eu vim para rezar no local do Templo", disse Dov Kin, um americano que vive em Jerusalém no início da visita que, no entanto, deixou a Esplanada sem orar uma vez que isto é proibido aos judeus de acordo com as regras que regem o local, que também restringem a algumas horas por dia a visita dos turistas não-muçulmanos e de judeus.
Guerra implacável
A reivindicação de alguns judeus pelo direito de orar no local que eles chamam de Monte do Templo é uma questão de tensão contínua para os palestinos. Seus temores aumentaram com a afluência de uma multidão judaica na Esplanada por ocasião do feriado do Ano Novo, de domingo a terça-feira.
A calmaria em Jerusalém parece frágil. Os judeus iniciam na próxima terça-feira à noite as celebrações do Yom Kippur (Dia do Perdão). Esta festa e a do Sucot (Festa dos Tabernáculos), na semana seguinte, devem fazer com que muitos judeus voltem a convergir na Esplanada das Mesquitas.
Netanyahu, chefe de um governo de direita cujos membros defenderam abertamente o direito dos judeus de orar neste local, reiterou que não tinha intenção de modificar o status quo. Mas ele garantiu "que não vamos deixar que as manifestações impeçam os judeus de visitar o Monte do Templo".
O presidente palestino, Mahmud Abbas, acusou o governo israelense nesta quarta-feira de "conduzir uma guerra feroz e implacável em Jerusalém".
Enquanto o conflito israelense-palestino parece oferecer nenhuma perspectiva de resolução, uma das figuras recentes da luta palestina, Mohammed Allan, voltou a ser preso nesta quarta-feira sem acusação depois de obter em agosto o levantamento deste polêmico regime prisional ao custo de uma greve de fome de 60 dias que quase lhe custou a vida.