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EUA se dize aberto para conversar com a Rússia sobre a Síria

Moscou propôs a Washington iniciar um diálogo "entre militares" das duas potências sobre a guerra na Síria

Agência France-Presse
postado em 17/09/2015 15:18
Washington, Estados Unidos - A Casa Branca afirmou nesta quinta-feira (17/9) que está aberta à ideia de conversar com a Rússia sobre a crise na Síria, depois da mobilização de tropas e armamento pesado por parte de Moscou neste país em guerra.

Moscou propôs a Washington iniciar um diálogo "Os Estados Unidos querem manter discussões táticas e práticas", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.

Moscou propôs a Washington iniciar um diálogo "entre militares" das duas potências sobre a guerra na Síria, com o objetivo de evitar em particular qualquer incidente entre forças armadas americanas e russas no terreno, revelou na quarta-feira (16/9) o secretário de Estado americano, John Kerry.

Os Estados Unidos estão alarmados há semanas pelo aumento da presença militar russa com o objetivo de intensificar sua ajuda ao regime do presidente Bashar Al-Assad, enquanto os EUA lideram uma coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico (EI).

Kerry falou na terça-feira (15/9) por telefone com seu contraparte russo, Serguei Lavrov, e explicou em uma coletiva de imprensa conjunta em Washington com seu homólogo do Sudão do Sul, Maite Nkoana-Mashabane, que durante a conversa, os russos "propuseram que mantivéssemos (...) uma reunião entre militares" dos dois países sobre o conflito sírio.

O secretário de Estado não detalhou se a proposta russa se referia à luta contra os jihadistas do EI, que também são inimigos da Rússia.

Para explicar a eventual cooperação russo-americana, John Kerry usou o termo militar "deconfliction", que poderia ser traduzido como "redução do conflito" e que define a necessidade de reduzir ao máximo os riscos de incidentes aéreos entre aviões de diferentes forças armadas que intervêm em um conflito com múltiplos beligerantes, como ocorre na Síria atualmente.

Trata-se, destacou Kerry, de ter "uma compreensão clara e completa de quais são as intenções" de Moscou para "evitar incompreensões e maus cálculos".

Toda a administração americana, "a Casa Branca, o Departamento de Defesa e o Departamento de Estado estão examinando" a oferta russa, disse Kerry.

Mas segundo seu porta-voz, Mark Toner, ainda estão "em estado preliminar" diante de eventuais conversações estritamente militares entre as duas potências, que mantêm relações cada vez mais tensas desde que começou o conflito no leste da Ucrânia.

"Se é verdade que a Rússia está concentrada somente contra o EI", afirmou Toner, "então é possível uma cooperação na Síria", que põe Estados Unidos e Rússia em posições antagônicas desde 2011, quando começou a guerra civil.

As duas potências multiplicaram há semanas diálogos diplomáticos com o objetivo de buscar uma saída da guerra neste país, que já deixou mais de 200.000 mortos.

Na terça-feira, Kerry falou pela terceira vez por telefone esta semana com Lavrov e afirmou que "disse-lhe claramente que o apoio da Rússia a Assad ameaçava intensificar ainda mais o conflito e sabotar nosso objetivo comum de lutar contra o extremismo"

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