Jerusalém - As forças de segurança israelenses enfrentaram manifestantes palestinos em Jerusalém e na Cisjordânia, nesta sexta-feira (18/9), dia da oração semanal para os muçulmanos, em meio a temores sobre o futuro estatuto da Esplanada das Mesquitas.
Em Jerusalém, três policiais foram feridos por um artefato incendiário que atingiu uma viatura no bairro de Jabal Mukaber. Cinco palestinos foram presos, entre eles três menores. No final do dia, a tensão aumentava, com uma forte mobilização das forças de segurança.
Nos bairros vizinhos ao Monte das Oliveiras, a polícia lançou bombas de fumaça e atirou nos manifestantes com balas de borracha. A multidão respondeu com pedras. Na Cidade Velha, a situação era calma.
As autoridades informaram que cerca de 3 mil policiais foram enviados para a região em três dias, onde atos violentos foram registrados recentemente.
De dia, a Polícia israelense ergueu barreiras protegidas por dezenas de homens armados nas ruas que levam da Cidade Velha de Jerusalém à Esplanada, assim como na entrada do monumento. Jovens foram proibidos de se aproximar, e apenas idosos eram autorizados a passar, para praticar sua reza semanal.
As forças de segurança israelenses impuseram a medida habitual de proibir a entrada ao local de homens abaixo dos 40 anos para reduzir os riscos de violência.
A polícia israelense havia anunciado um reforço de seu efetivo em Jerusalém, devido aos confrontos ocorridos há meses e à escalada da violência nos últimos dias.
Na Cisjordânia ocupada, os embates foram mais intensos do que em uma sexta-feira comum. Em Kafr Kadum, perto de Nablus, as forças de segurança israelenses atiraram e feriram três palestinos, nos braços e nas pernas, relatou o Crescente Vermelho.
Considerado um movimento "terrorista" por parte de Israel, o Hamas anunciou que celebraria um "dia de cólera" para defender a Esplanada das Mesquitas.
Os manifestantes temem que Israel mude o estatuto que rege o lugar sagrado, em um momento no qual os grupos de ultradireita israelenses pressionam por maior acesso ao lugar. O objetivo é reconstruir o antigo templo judeu, que fica na mesma área.
Respeito do ;status quo;
O palestino Ahmed Jatatbe, de 26 anos, ficou gravemente ferido por disparos de soldados israelenses na quinta-feira à noite perto de Nablus, disseram fontes médicas palestinas.
Ele e outro homem, detido desde então, haviam lançado um artefato explosivo contra um veículo que passava pela estrada na direção da colônia de Itamar, informou o Exército israelense.
Na localidade, centenas de pessoas marcharam sob os gritos de "Com nossa alma, com nosso sangue, vamos nos sacrificar por ti, Al-Aqsa", em referência à mesquita.
A Esplanada das Mesquitas fica em Jerusalém Oriental, a parte palestina de Jerusalém, ocupada por Israel em 1967 e anexada. O lugar é sagrado para ambas as religiões. Lá estão o Domo da Rocha e a mesquita de Al-Aqsa, o terceiro lugar mais santo do Islã, e o Muro das Lamentações, venerado pelos judeus.
Entre o último domingo e esta terça, houve vários confrontos entre palestinos e a Polícia israelense, coincidindo com a celebração do Ano Novo judaico.
O "status quo" do local proíbe os judeus de rezar ali e de usar símbolos nacionais. As visitas dos judeus costumam ser fonte de disputa, estimuladas por um discurso minoritário, mas com cada vez mais audiência de uma parte dos judeus que reivindicam poder rezar na Esplanada e administrar o local.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, repetiu, em telefonema com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que se compromete a respeitar "estritamente" o "status quo".
Na quarta, o presidente palestino, Mahmud Abbas, declarou que "a Al-Aqsa é nossa, o Santo Sepulcro é nosso".