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Reputação e ações da Volkswagen sofrem abalo por escândalo ambiental

A empresa admitiu ter equipado modelos a diesel nos Estados Unidos com um software que falsificava dados de emissões poluentes

Agência France-Presse
postado em 21/09/2015 18:04
A empresa admitiu ter equipado modelos a diesel nos Estados Unidos com um software que falsificava dados de emissões poluentes Frankfurt am Main, Alemanha - A gigante alemã Volkswagen reconheceu ter equipado modelos a diesel nos Estados Unidos com um software que falsificava dados de emissões poluentes, um escândalo que lhe custará caro no plano financeiro e em termos de imagem.

A empresa anunciou a suspensão e a comercialização nos Estados Unidos de seus diesel de quatro cilindros das marcas VW e Audi, que representavam 23% de suas venda nesse mercado.

Aproximadamente 20 bilhões de euros da capitalização bursátil do grupo haviam sido perdidos após a abertura dos mercados. A ação da Volkswagen na Bolsa de Frankfurt fechou em queda de 17,14%.


"Desastre", "hecatombe": a imprensa alemã buscava as palavras para descrever a situação da empresa que é orgulho nacional e líder mundial de vendas no primeiro semestre do ano.

[SAIBAMAIS] O caso, revelado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), "terá consequências financeiras consideráveis para o grupo, que ainda não se podem calcular, sem contar o prejuízo para a imagem e a credibilidade da Volkswagen em todo o mundo", disse à AFP o analista do setor automobilístico Ferdinand Dudenh;ffer.

Segundo as autoridades americanas, 482.000 veículos das marcas Volkswagen e Audi fabricados entre 2009 e 2015 e vendidos nos Estados Unidos foram equipados com um sofisticado software que permitiria reduzir suas emissões poluentes ao serem submetidos a um teste de poluição. Graças a essa fraude, os veículos obtinham um certificado ecológico.

Dúvidas sobre outros mercados

A artimanha informática poderá custar ao grupo 18 bilhões de dólares em multas e mais bilhões resultantes da retirada dos veículos do mercado, sem contar com as indenizações aos clientes prejudicados.

O governo alemão pediu às automobilísticas que demonstrem a veracidade de seus dados de emissões poluentes, a fim de "investigar se houve manipulações semelhantes na Alemanha ou na Europa".

Os Estados Unidos estenderam a outros fabricantes de automóveis a diesel a investigação da Volkswagen sobre veículos com sistemas capazes de burlar as normas sobre emissões de gases poluentes.

A agência federal de controle ambiental (EPA) disse que realizará testes para detectar "sistemas enganadores" nos carros fabricados por outras companhias. A EPA não informou quais empresas serão investigadas.

Volkswagen já enfrentava "um momento difícil" no mercado americano, aponta Frank Schwope, analista do banco Nord/LB. A marca alemã esperava compensar com seus motores diesel suas carências nesse mercado.

Winterkorn salvará seu posto?

Agora, a Volkswagen corre o risco de transformar-se em "um pária para o governo e quem sabe também para os consumidores norte-americanos", afirma Max Waburton, analista da Bernstein, citado pela Bloomberg.

O presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, de 68 anos, pediu desculpas no domingo. "Pessoalmente lamento muito que tenhamos traído a confiança de nossos clientes e do público", declarou, prometendo cooperar com as autoridades na investigação.

O mandato de Winterkorn deve ser prolongado até o final de 2018 na reunião que o Conselho de Vigilância da empresa realizará em 25 de setembro. Essa decisão deve confirmar a vitória do executivo no duelo de bastidores travada com seu ex-mentor e homem forte da empresa, Ferdinand Pi;ch. Agora esses planos podem estar a perigo. "Winterkorn é o chefe da divisão de desenvolvimento da marca Volkswagen", diz Dudenh;ffer.

"O Conselho de Vigilância não pode fazer-se de desentendido do assunto. A Volkswagen precisa de um retomada, que na minha opinião não pode ser feita com Winterkorn", acrescenta.

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