Agência France-Presse
postado em 21/09/2015 18:28
Berlim, Alemanha - Uma ex-telegrafista de Auschwitz, de 91 anos, foi encaminhada à justiça alemã por "cumplicidade" no extermínio de pelo menos 260.000 judeus em 1944, anunciou nesta segunda-feira (21/9) a procuradoria citada pela agência de notícias alemã DPA.O tribunal de Kiel (norte) deverá decidir no próximo ano se levará adiante um julgamento, dependendo da gravidade das acusações, mas também da saúde da acusada, um obstáculo frequente no julgamento de ex-nazistas, indicou o procurador-geral Heinz D;llel. O caso será analisado pela justiça especializada em crimes cometidos por menores porque ela tinha menos de 21 anos no momento dos crimes.
A condenação neste verão a quatro anos de prisão de Oskar Gr;ning, ex-contador de Auschwitz que pediu "perdão" aos 94 anos, parecia um possível ponto final de uma longa história jurídica, apesar da vontade alemã de julgar até o último criminoso do Terceiro Reich.
O tribunal de Kiel não divulgou a identidade da ex-telegrafista, que integrou um corpo feminino destinado a ajudar nos campos de concentração, dizendo apenas que ela foi processada pelo período de abril a julho de 1944.
Estes três meses correspondem, nomeadamente, ao extermínio em massa de judeus húngaros, a um ritmo jamais alcançado nas câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau. Oskar Gr;ning também teve de responder por seu papel na "Operação Hungria". Outro ex-guarda de Auschwitz indiciado este verão pelo tribunal de Hanau (oeste), de 92 anos, também está a cargo do sistema de justiça juvenil.
Hans Lipschis, voluntário na Waffen SS em 1942, também espera uma decisão sobre um eventual julgamento. Ele é acusado por "cumplicidade" na morte de pelo menos 1.075 deportados após sua chegada no campo de concentração icônico do Holocausto, localizado na Polônia ocupada.
As acusações dizem respeito a dois comboios vindos de Berlim e Westerbork (Holanda) e um terceiro do campo francês de Drancy em 23 de junho de 1943.
Estes procedimentos tardios %u200B%u200Bilustram o aumento da severidade da justiça alemã em relação ao passado nazista ainda vivo, desde a condenação em 2011 de John Demjanjuk, antigo guarda em Sobibor, a cinco anos de prisão: apenas sua presença no acampamento foi suficiente para que fosse condenado como cúmplice de assassinato, sem evidências de ações mais específicas.
De acordo com o chefe do escritório federal responsável pela investigação de crimes nazistas, uma dúzia de investigações de ex-guardas dos campos de concentração ainda estão em curso, embora "muitas tiveram que ser abandonadas" devido à morte ou a condição física dos suspeitos.
Cerca de 1,1 milhão de pessoas, incluindo um milhão de judeus, morreram entre 1940 e 1945 em Auschwitz, campo que foi libertado pelas tropas soviéticas em janeiro de 1945.