Agência France-Presse
postado em 22/09/2015 15:37
Bogotá, Colômbia- A Colômbia, principal produtora mundial de cocaína, entregará terras às pessoas que substituírem por mais de cinco anos os cultivos de coca, principal insumo desta droga, por plantios lícitos, anunciou nesta terça-feira (22/9) o presidente Juan Manuel Santos ao apresentar um novo plano antidrogas."As pessoas que permanecerem por mais de cinco anos cultivando produtos lícitos poderão ser titulares das terras para que se tornem proprietárias legais", disse o presidente em uma declaração televisionada.
"A Colômbia não tem motivos para continuar sendo o primeiro exportador de coca do planeta e vamos provar isso", sentenciou, ao informar sobre a implementação de uma Estratégia Integral de Substituição de Cultivos Ilícitos.
Neste contexto, Santos disse que a partir de 1; de outubro o país deixará de utilizar o herbicida glifosato para erradicar as folhas de coca, utilizado há 20 anos, mas apontado pela Organização Mundial de Saúde como provável cancerígeno. Esta decisão já havia sido anunciada em maio.
A Colômbia é a principal produtora mundial de coca. Segundo um documento recente das Nações Unidas, o país produziu 442 toneladas desta droga em 2014, 52% a mais que no ano anterior.
"São quase 100.000 hectares a menos que no ano 2000, mas nos últimos anos os cultivos aumentaram. E isso quando usávamos o glifosato", disse o presidente.
O novo plano antidrogas contempla a colaboração dos ex-membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas), principal guerrilha do país, com a qual seu governo negocia o fim de um conflito armado de mais de meio século.
"Um dos compromissos já alcançados com as Farc é que, quando depuserem as armas, contribuirão com a solução ao problema das drogas ilícitas", disse Santos, acrescentando que já foram discutidos planos conjuntos para a substituição de cultivos.
"Imaginem o que isto significa. Que as Farc, em vez de defender cultivos ilícitos e toda a rede do narcotráfico, ajudem o Estado para sua erradicação", ressaltou.
Além disso, o Estado insistirá em programas de prevenção do consumo nas zonas mais afetadas, criará uma agência especializada na implementação desta estratégia e reduzirá os cultivos em parques naturais protegidos, afirmou.