Agência France-Presse
postado em 22/09/2015 17:07
O exército do regime sírio recebeu de seu aliado russo aviões de reconhecimento e de combate, assim como novas armas para enfrentar os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI), contra quem Damasco multiplicou seus bombardeios nos últimos dias. "O efeito das armas russas começa a ser sentido no território sírio", afirmou nesta terça-feira (22/9) à Agência France Press uma fonte militar síria. "O exército começou a utilizá-las nas cidades de Deir Ezzor e Raqa", em particular contra posições do grupo jihadista Estado Islâmico, destacou esta fonte, que pediu para ter sua identidade preservada.[SAIBAMAIS]As Forças Armadas sírias multiplicaram nos últimos dias, paralelamente ao reforço da presença militar russa na Síria, os ataques contra o grupo Estado Islâmico. Neste contexto, segundo o instituto IHS Jane;s, especializado em inteligência, afirmou nesta terça-feira (22/9) que a Síria prepara duas novas bases para receber reforços russos.
"Após a análise de imagens de satélite, IHS Jane;s identificou duas novas localidades na Síria que poderiam servir como base para forças russas. Nessas duas bases - o complexo de Istamo e o complexo militar Al-Sanobar, ambos ao norte do aeroporto de Latakia - os preparativos parecem em curso para acolher forças russas", indicou o instituto com sede em Londres.
"Isso representa um crescimento significativo das capacidades de combate russas na Síria. A mobilização da Rússia inclui ainda quatro aviões de combate Su-30SM, doze aviões de ataque SU-24M e potencialmente seis helicópteros de ataque Ka-52", acrescenta o instituto.
À respeito da mobilização de aviões russos na Síria, o secretário de Estado americano, John Kerry, considerou nesta terça-feira (22/9) que "sim, eles aumentaram (o número) de aeronaves (...) Mas neste momento, nossos militares e analistas estimam que o nível e tipo (de aviões) representam uma força de proteção" que a preparação de uma ofensiva.
No terreno, ao menos 38 jihadistas do EI morreram na segunda-feira em ataques da aviação síria contra posições do grupo no centro do país, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede na Grã-Bretanha. A Rússia entregou nos últimos dias às Forças Armadas sírias ao menos cinco aviões de combate, aviões de reconhecimento e outros materiais militares para lutar contra o grupo EI.
Além disso, elas receberam "material de combate sofisticado para combater o EI", acrescentou esta fonte. "São armas defensivas e ofensivas", particularmente "armas sofisticadas que apontam com precisão e mísseis teleguiados", explicou.
Os aviões chegaram na sexta-feira a uma base militar na província de Latakia, reduto do presidente Bashar al-Assad, no oeste do país. Outra fonte militar em Latakia disse à AFP que a aviação síria havia "recebido aviões de reconhecimento russos que permitem às forças terrestres e aéreas sírias identificar os alvos com precisão". Também receberam "radares e binóculos infravermelhos", acrescentou a fonte.
Os Estados Unidos expressaram preocupação pela crescente presença militar russa na Síria, onde o regime, rebeldes, jihadistas e combatentes curdos se enfrentam em um território cada vez mais dividido, após quatro anos de guerra. Moscou e Damasco não integram a coalizão internacional liderada há um ano pelos Estados Unidos contra o EI no Iraque e na Síria.
O secretário de Estado americano, John Kerry, havia afirmado que o apoio militar da Rússia ao regime de Assad poderia gravar ainda mais a situação, já que "poderia atrair mais extremistas e fortalecer Assad, colocando obstáculos no caminho para uma solução" ao conflito.
Kerry insistiu novamente que não pode "haver uma solução sem uma transição no poder", o que implica necessariamente que Assad abandone a presidência da Síria.
No domingo em Damasco, o ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallem, considerou que o envolvimento da Rússia vai "mudar a situação" na luta contra os jihadistas. "A participação da Rússia no combate ao Daesh (acrônimo em árabe do EI) e à Frente Al-Nosra (braço sírio da Al-Qaeda) é ainda mais importante que fornecer armas à Síria", declarou Muallem à rede Russia Today.