postado em 22/09/2015 17:12
A crise dos refugiados será provavelmente longa, mas a Europa "tem a capacidade e a experiência" necessárias para superá-la, diz a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em um relatório divulgado nesta terça-feira (22/9). "A atual crise humanitária não tem precedentes, com um custo humano terrível e inaceitável", considera a OCDE em um documento que acompanha o seu relatório, "Perspectivas das Migrações Internacionais 2015".[SAIBAMAIS]Segundo a organização, o número de refugiados não tem "paralelo recente", e um milhão de pedidos de asilo poderiam ser apresentados em 2015 nos países da União Europeia.
Ao grande número de refugiados soma-se "uma ampla variedade de rotas, de países de origem e motivações" que tornam esta crise "particularmente difícil de lidar", acrescenta a OCDE, lembrando que, por exemplo, os sírios representavam 21% dos pedidos de asilo no ano passado, os kosovares 9,6% e os eritreus 6,4%.
Com o conflito na Síria, a incerteza na Líbia, a instabilidade no Afeganistão e no Iraque, etc., "a curto prazo, há pouca perspectiva de que a situação vá se estabilizar nos principais países de origem", adverte a OCDE, apontando também que "fatores econômicos e demográficos nos países da África sub-saariana vão continuar a empurrar pessoas a emigrar, bem como a pobreza e o desemprego nos Bálcãs Ocidentais".
"Não tem impacto negativo" na economia
Portanto, "a situação vai além da simples urgência a curto prazo para ser uma condição estrutural, com fluxos importantes em perspectiva nos próximos anos, alimentando um sentimento de ansiedade sobre a migração em muitos países", ressalta.
A organização acredita que é preciso ir além das respostas de curto prazo, limitadas ao resgate e à alocação entre os países da UE, e "concentrar-se em medidas de emergência para receber os refugiados e acelerar o processamento dos pedidos de asilo".
O relatório sublinha que é "urgente atacar certas raízes da crise e dar uma resposta política coordenada e abrangente". Mas "a mensagem-chave é que a Europa tem os meios e a experiência para responder a esta crise", disse o chefe da divisão de imigração da OCDE, Jean-Christophe Dumont, apontando como prova o número "gerenciável" de refugiados no que diz respeito à população europeia, e o arsenal legislativo que a UE se dotou durante as últimas décadas.
Neste contexto, o "discurso público é fundamental", porque "os fatos estão aí: a migração não tem impacto negativo sobre o mercado de trabalho, não fortalece os déficits orçamentários, os imigrantes contribuem mais do que recebem em benefícios individuais".
Especialmente uma vez que os refugiados sírios "são mais qualificados do que outros imigrantes", aponta o relatório. "Esta crise não ameaça a nossa identidade, mas, obviamente, isso não é uma mensagem que vá se estabelecer de um dia para o outro. Ela deve ser explicada e repetida", insiste Dumont. "Não encontrar solução (à crise de refugiados na Europa) não é uma opção, o custo político e econômico seria demasiadamente alto", insiste.