Agência France-Presse
postado em 23/09/2015 09:58
Berlim, Alemanha - A justiça alemã abriu uma investigação preliminar ligada às acusações de manipulação das emissões de veículos a diesel da marca Volkswagen, indica um comunicado na promotoria de Brunswick (norte). Em um primeiro momento, serão recolhidas e examinadas todas as informações e estudadas todas as denúncias apresentadas.A Volkswagen admitiu na terça-feira (23/9) ter equipado 11 milhões de carros em todo o mundo com um software de manipulação de dados de emissões de poluentes. Desta maneira, em dois dias, a desvalorização dos papéis da maior montadora do mundo chegou a 35% em relação a sexta-feira, quando estourou o escândalo.
O caso foi descoberto nos Estados Unidos, que na terça também anunciou a abertura de uma investigação penal. Os softwares fraudulentos detectados em modelos das marcas VW e Audi nos Estados Unidos podem estar presentes em outras filiais, que conta com marcas como Seat, Skoda e Porsche.
A Volkswagen anunciou também que gastará 6,5 bilhões de euros no terceiro trimestre do ano para enfrentar as primeiras consequências do caso. Isso levará a empresa a ajustar suas metas de lucro para 2015. O presidente da montadora alemã Volkswagen, Martin Winterkorn, "sentir muito pela falta cometida pelo grupo".
Segundo o jornal Handelsblatt, Winterkorn terá que prestar contas do caso em uma reunião de uma parte do Conselho de Vigilância prevista para esta quarta-feira. A princípio, na sexta-feira, a Volkswagen prolongará o mandato de Winterkorn até o final de 2018, mas analistas questionam se essa decisão será mantida após o escândalo.
A chefe de Governo da Alemanha, Angela Merkel, exigiu "transparência total" para esclarecer o caso que compromete a credibilidade de uma empresa identificada com a excelência da indústria alemã. A espiral do escândalo ultrapassou fronteiras. Além dos Estados Unidos, Itália e França anunciaram a abertura de investigações, enquanto as autoridades sul-coreanas convocaram diretores do grupo para exigir explicações.
As autoridades americanas revelaram na última sexta-feira que 482.000 veículos das marcas Volkswagen e Audi, fabricados entre 2009 e 2015 e vendido nos EUA foram equipados com um software que detectava automaticamente os controles de contaminação com o objetivo de fraudar os resultados. A Volkswagen suspendeu desde então a venda de carros a diesel no mercado norte-americano.
A companhia, que conta com 590.000 funcionários em todo o mundo, pode ser condenada a uma multa de até 18 bilhões de dólares. A esse valor somam-se os custos da retirada desses veículos do mercado e as indenizações por eventuais processos públicos e privados.